quarta-feira, setembro 26, 2012

PRESS RELEASE

Jornalismo em Quadrinhos

Encontro internacional reúne em Curitiba especialistas nesse novo jeito de se fazer reportagem usando a linguagem dos quadrinhos.

Na década de 1990, o jornalista e desenhista maltês Joe Sacco teve a ideia de juntar suas duas profissões numa só: surgia assim Palestina, uma série de reportagens em quadrinhos sobre as disputas territoriais entre israelenses e palestinos. Seguiram-se outros livros-reportagens sobre conflitos no Oriente Médio, que deram projeção mundial à obra de Joe Sacco. Hoje, duas décadas depois, o Jornalismo em Quadrinhos cresce e ganha seguidores em todo mundo, dando origem a uma nova safra de HQ-repórteres.

Entre 24 e 27 de outubro de 2012, especialistas no tema estarão reunidos, na capital paranaense, para participar do II Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos. São jornalistas, desenhistas e pesquisadores, que participarão de mesas-redondas e palestras. Outra atração do evento é a exposição Cartoon Movement - o mundo através do jornalismo quadrinhos, que exibe reportagens em quadrinhos realizadas em diferentes regiões do mundo. Tanto a exposição quanto os debates ocorrem na Fábrika (Rua Reinaldino S Quadros, 33 - Alto da Rua XV), em Curitiba. Todas as atividades do EIJQ têm entrada franca e são abertas ao público em geral.

O II EIJQ é um evento integrante da Gibicon nº 1 – a Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba e é realizado em parceria com o Goethe-Institut Curitiba. A curadoria é do jornalista Augusto Paim. Consulte a programação do II EIJQ e a programação completa da Gibicon no site www.gibicon.com.br. Outras informações pelo telefone 41 3262-8244. 

Serviço:
II Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos
24 a 27 de outubro de 2012
Goethe-Institut (Fábrika)
Rua Reinaldino S. de Quadros, 33, Alto da Rua XV
Curitiba / PR
Entrada franca
Informações 41 3262-8244

segunda-feira, setembro 24, 2012

II Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos



Quando: 24 a 27 de outubro de 2012
Onde: Goethe-Institut Curitiba
Rua Reinaldino S. de Quadros, 33
80045-070 Curitiba – PR, Brasil
Tel: + 55 41 32628244
Fax: + 55 41 32629543
info@curitiba.goethe.org

Entrada franca - programação aberta ao público



24 de outubro | quarta-feira

18h | Abertura da exposição "Cartoon Movement - o mundo através do jornalismo quadrinhos"
Desde dezembro de 2010, o portal Cartoon Movement (www.cartoonmovement.com/comic) publica reportagens em quadrinhos sobre temas de relevância internacional. Em menos de dois anos de existência, já foram em torno de 40 trabalhos publicados na internet, em inglês, sobre o Congo, o Haiti, o Afeganistão, o Rio de Janeiro, os Estados Unidos, entre outros. São quadrinhos de diversos estilos e formatos, do convencional ao hipertexto, com um elo em comum: todos eles são jornalismo puro! Algumas dessas páginas estarão expostas no Goethe-Institut Curitiba durante os dias do evento.
Convidados especiais: Érico Assis, Gonçalo Junior e Augusto Paim

25 de outubro | quinta-feira

10h – 11h30 | Do Jornalismo Literário ao New New Journalism
Palestra apresentando um panorama do caminho que vai do Jornalismo Literário ao Novo Novo Jornalismo, como é conhecido o Jornalismo em Quadrinhos.
Palestrante: Celso Falaschi
Mediação: Rodrigo Casarin

14h – 15h30 | Pauta e apuração de reportagens em quadrinhos
Palestra sobre os processos de escolha de uma pauta de quadrinhos e o desenvolvimento da apuração, com destaque para a discussão sobre como a linguagem dos quadrinhos pode contribuir para o jornalismo.
Palestrante: Augusto Paim
Mediação: Vinicius Rodrigues

26 de outubro | sexta-feira

18h – 19h30 | Conciliando Jornalismo e Quadrinhos
Mesa-redonda sobre as relações e divergências entre os campos do quadrinho e do jornalismo. Três autores que trabalham simultaneamente em ambas as áreas discutem se é possível essa conciliação, e com que possibilidades e limitações ela ocorreria.
Debatedores: Gonçalo Junior, Paulo Ramos e Augusto Paim
Mediação: Rodrigo Casarin

27 de outubro | sábado

10h – 11h30 | Jornalismo em Quadrinhos tem História?
Mesa-redonda sobre as origens do Jornalismo em Quadrinhos. Existe mesmo uma História do Jornalismo em Quadrinhos? É uma questão que será debatida, a partir de dois pesquisadores com visões divergentes sobre o tema.
Debatedores: Aristides Corrêa Dutra e Juscelino Neco
Mediação de Vinícius Rodrigues

14h – 15h30 | Reportagem em quadrinhos na Alemanha
Palestra sobre as experiências com reportagens em quadrinhos na Alemanha – as instituições de pesquisa, os autores, as publicações. Destaque para o trabalho do coletivo Monogatari.
Palestrante: Mawil
Mediação: Reinhard Sauer
COM CONSECUTIVA

Convidados:

Aristides Corrêa Dutra é Mestre em Comunicação pela ECO/UFRJ (2003), com dissertação sobre jornalismo em quadrinhos, e artista plástico graduado pela UFES (1988). É docente da Universidade Veiga de Almeida e da Universidade Cândido Mendes, ambas no Rio de Janeiro, e colunista de arte e história da revista Conceito A e do site Canal A. Foi consultor, em 2011, da equipe que produziu a reportagem em quadrinhos do jornal Extra sobre a pacificação do Complexo de Favelas do Alemão. Já ministrou cursos, oficinas, palestras e participou de debates, seminários e congressos sobre quadrinhos no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Vitória, Salvador e Florianópolis.

Augusto Paim é jornalista, escritor e tradutor. Graduou-se em Jornalismo pela UFSM e atualmente cursa o Mestrado em Letras/Escrita Criativa na PUCRS, cujo trabalho final será uma graphic novel.  Em 2009, indicou e traduziu para o português o livro Johnny Cash - uma biografia, premiada obra do quadrinista alemão Reinhard Kleist. Em 2010, foi curador e organizador do I Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos. É autor das reportagens em quadrinhos Juventude: tempo de crescer e Inside the Favelas. www.augustopaim.com.br

Celso Falaschi é jornalista e professor do curso de pós-graduação em Jornalismo Literário da Academia Brasileira de Jornalismo Literário, da qual é cofundador e, desde 2006, presidente. Doutor em Psicologia, com estudos sobre criatividade aplicada à escrita. Participou da organização e fundação da CRIABRASILIS – Associação Brasileira de Criatividade e Inovação, da qual foi conselheiro. Foi editor do jornal O Estado de S. Paulo, diretor da Intercom e coordenador da Expocom. Lecionou no curso de jornalismo da PUC-Campinas por vinte anos. www.abjl.org.br / www.textovivo.com.br

Érico Assis é jornalista e tradutor especializado em quadrinhos. Colabora com os sites Omelete e Blog da Companhia e traduz regularmente para as editoras Companhia das Letras e Panini, entre outras. www.ericoassis.com.br 

Gonçalo Junior é formado em jornalismo e direito. Começou na imprensa nos anos 1980 como editor de fanzines; depois,trabalhou em jornais de Salvador. Em São Paulo, cobriu TV e cinema para o caderno Fim-de-Semana da Gazeta Mercantil.É autor de livros-reportagens como A guerra dos gibis, Maria Erótica e o clamor do sexo, Ora, bolas!, País da TV e de Alceu Penna e as Garotas do Brasil. www.goncalo.junior.blog.uol.com.br

Juscelino Neco é jornalista, pesquisador e quadrinista. Durante o mestrado em Jornalismo na UFSC, investigou o discurso do modelo de reportagem em quadrinhos, conforme desenvolvido por Joe Sacco. Desde 2011 pesquisa quadrinhos de não-ficção no doutorado do Programa de Pós-Graduação da ECA/USP, como bolsista FAPESP. É autor das HQs Destroços, A Maldição dos Sapos e Best Seller. www.massacredepelucia.wordpress.com / www.jumentomascarado.blogspot.com.br

Mawil nasceu em 1976, na Berlim Oriental. Depois da queda do Muro, publicou seus primeiros quadrinhos em fanzines editados por conta própria. Mais tarde, estudou design gráfico na Faculdade Berlim Weissensee, onde desenvolveu suas primeiras graphic novels: Strand Safari e Mas podemos continuar amigos (este último, defendido como trabalho de conclusão do curso). Seguiram-se outros livros pela editora berlinense Reprodukt, com traduções para o inglês, o francês, o espanhol, o polonês, o russo, o tcheco e o português. Além disso, desenha para jornais como o Berliner Tagesspiegel e blogs, e ministra workshops. É um dos integrantes do coletivo Monogatari, que produziu reportagens em quadrinhos em Berlim e na Basileia. www.mawil.net

Paulo Ramos é jornalista e professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo. Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, onde integra o Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP. Pós-doutor em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas. Coordena na Unifesp o Getexto (Grupo de Estudos do Texto), que tem nos quadrinhos e nas produções midiáticas dois de seus interesses de pesquisa. É autor de diferentes obras teóricas e jornalísticas sobre quadrinhos. www.blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br

Reinhard Sauer é diretor do Goethe-Institut Porto Alegre, onde, nos últimos anos, tem incentivado ações promovendo os quadrinhos brasileiros e alemães. Em 2009, trouxe a Porto Alegre o quadrinhista Reinhard Kleist, autor da biografia em quadrinhos de Johnny Cash. Em 2010, organizou o I Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos. É idealizador do Osmose, um projeto de residências artísticas para autores de quadrinhos do Brasil e da Alemanha.

Rodrigo Casarin é jornalista e especialista em Jornalismo Literário (JL) pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário (ABJL), onde concluiu o curso com uma proposta de integração entre o JL e as Histórias em Quadrinhos. Atua profissionalmente como editor da editora Biografias & Profecias, por onde publicou os livros Plenamente – o bom em busca do belo e Luzir – incandescendo o Vale do Paraíba, ambos em coautoria com Regina Magalhães. Também é coautor de Punk – o protesto não tem fim, escrito com o jornalista Igor Antunes Penteado. Além disso, colabora com resenhas para o Jornal Rascunho e edita o blog Canto dos Livros.  www.biografiaseprofecias.com.br  / www.cantodoslivros.wordpress.com

Vinicius Rodrigues é professor de Literatura e dá aulas em escolas da rede particular de Porto Alegre e região metropolitana. Graduou-se em Letras pela UFRGS, onde atualmente finaliza seu mestrado em Literatura Brasileira sobre o ensino de literatura e seu papel na formação de leitores no Ensino Médio, tendo como foco a abordagem das histórias em quadrinhos nesse segmento. Apresentou trabalhos e publicou artigos sobre quadrinhos e narrativas gráficas e, em 2012, lançará, em conjunto com outros pesquisadores, o livro História em quadrinhos: diante da experiência dos outros, resultado dos debates das Jornadas de Estudos sobre os Romances Gráficos da Universidade de Brasília. É membro da comissão organizadora da "edição Porto Alegre" dessa Jornada, que ocorrerá em novembro de 2012. www.devaneioliterario.blogspot.com.

Outras informações:

O II Encontro Internacional de Jornalismo em Quadrinhos é um evento organizado de Augusto Paim e José Aguiar, em parceria com o Goethe-Institut Curitiba e a Gibicon. Contatos: augusto.paim@gmail.com / quadrinhofilia@gmail.com

Visite o portal de HQs alemãs do Goethe-Institut: www.goethe.de/kue/lit/prj/com/ptindex.htm

terça-feira, agosto 21, 2012

PRESS RELEASE



"Projeto de intercâmbio do Goethe-Institut envia três quadrinistas brasileiros para a Alemanha e traz três quadrinistas alemães ao Brasil.

Eles têm muita coisa em comum: são talentosos, fazem quadrinho autoral e são responsáveis tanto pelo texto quanto pelo desenho da maior parte da sua obra. Donos de estilos diversificados, os participantes deste grupo vêm de regiões distintas do Brasil ou da Alemanha e representam diferentes gerações dos quadrinhos do seu país. Agora, eles embarcam em uma experiência única de trocas interculturais. Com o objetivo de intensificar o intercâmbio artístico em paralelo às atividades que celebram o ano da Alemanha no Brasil (maio de 2013 a maio de 2014), o Goethe-Institut convidou seis quadrinistas para realizarem residências artísticas em um país onde nunca estiveram anteriormente.

Três quadrinistas brasileiros permanecem por quatro semanas na Alemanha, enquanto três autores alemães vêm ao Brasil pelo mesmo período. O projeto foi batizado de Osmose – uma maneira de ressaltar as interações culturais que estão ocorrendo a partir dessas vivências. Os intercâmbios ocorrem todos no segundo semestre de 2012 e podem ser acompanhadas pelo blog blog.goethe.de/osmose. Do Brasil, participam Amaral (Teresina), João Montanaro (São Paulo) e Paula Mastroberti (Porto Alegre), recebidos pelas cidades alemãs de Hamburgo, Munique e Berlim, respectivamente. Da Alemanha, vêm Mawil (Berlim), Birgit Weyhe (Hamburgo) e Aisha Franz (Berlim), que, por quatro semanas, estarão respectivamente em Porto Alegre, São Paulo e Salvador. Durante o período de residência, os participantes abastecem o blog do projeto com textos e recortes da produção realizada durante a viagem.

O lançamento oficial do projeto Osmose ocorrerá durante a Gibicon (a Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba), entre 25 e 28 de outubro, num debate que contará com a presença do alemão Mawil e do brasileiro João Montanaro, falando de suas experiências fora de seus países. Mawil também participa da 58ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre durante sua estadia na capital gaúcha. O resultado do projeto será uma obra bilíngue, a ser lançada nas Feiras do Livro de Frankfurt e de Porto Alegre, em 2013. O Osmose é um projeto concebido e coordenado por Reinhard Sauer, diretor do Goethe Institut Porto Alegre, com curadoria do jornalista Augusto Paim e coordenação e edição do quadrinista José Aguiar.

Contatos para imprensa: Goethe-Institut Porto Alegre, com Mônica Schreiner prog@portoalegre.goethe.org | 51 2118.7800"

domingo, agosto 12, 2012

Relato (com fotos), da oficina de quadrinhos ministrada em Paraty, RJ.

Nos dias 29 e 30 de junho, uma sexta e um sábado, estive na Associação Cairuçu, em Paraty, RJ, a convite do Itaú Cultural, ministrando a oficina de quadrinhos Ler, aprender, fazer. A atividade foi uma preparação para o encontro entre Laerte e Angeli na Festa Literária Internacional de Paraty, a FLIP, com mediação de Claudiney Ferreira. Os alunos da oficina receberam convites para participar desse encontro.

A oficina foi realizada em dois módulos. No primeiro dia, fiz uma palestra para os alunos sobre alfabetização visual, focando em elementos dos quadrinhos. A ideia era mostrar que quadrinho é uma linguagem artística, e que as HQs infantis e as de super-herói são apenas uma pequena parcela do que se pode fazer nesse formato. Trouxe exemplos concretos, como Maus, de Art Spiegelman, vencedor do prêmio Pulitzer em 1992, e Cachalote, dos brasileiros Daniel Galera e Rafael Coutinho. Na ocasião, também entreguei oficialmente algumas graphic novels doadas pelo Itaú Cultural para integrar a biblioteca da associação. Em seguida, propus jogos criativos para sensibilizar os alunos para a linguagem dos quadrinhos: balões, onomatopeias, quadros e sequencialização. Nesse módulo, eles tiveram que criar uma tira a partir de duas imagens recortadas de revistas. O resultado foi bastante criativo, já que os alunos tiveram que inventar o segundo quadro e os textos.

No segundo módulo, trabalhamos com o processo de produção de uma história em quadrinhos. Cada aluno escreveu o argumento de uma história. Em seguida, a turma foi dividida em duplas, e cada dupla escolheu o argumento de um colega e desenhou as personagens. A seguir, uma terceira dupla pegou o argumento e os desenhos e quadrinizou a história. Ao final, tivemos três HQs feitas coletivamente.

O resultado da oficina é evidente aos meus olhos de ministrante. Percebi claramente a mudança do olhar sobre quadrinhos, principalmente no que diz respeito à dificuldade de se criar uma história nesse formato. Com certeza, os alunos saem da oficina com um senso mais apurado e mais crítico para a linguagem dos quadrinhos, além de estimulados a pensar criativamente, independe do formato em que estão se expressando.

Seguem algumas fotos:













 

 

Moebius criando

Recebi este link em um grupo de emails. Mostra cinco vídeos com o processo de criação de Moebius, o grande mestre dos quadrinhos.

segunda-feira, agosto 06, 2012

do press release

"PRESS RELEASE - STORY BOOM PRESENTS NOVAHOPE

Alguma vez você já sonhou em criar sua própria história em quadrinhos? Você tem uma ótima ideia de história na sua cabeça, mas tem dificuldades para torná-la realidade porque é muito difícil encontrar um desenhista ou ser contratato por uma editora ou ainda reunir todos os recursos para auto-publicar o seu trabalho?

É exatamente isso que o The Story Boom​​ tenta resolver. A idéia por trás da plataforma sediada nos Estados Unidos (mas desenvolvida por dois brasileiros) é 'ser a maneira mais fácil de dar vida a sua histórias em quadrinhos'. Os escritores profissionais ou aspirantes apresentam as suas ideias e leitores cadastrados no site através do Facebook votam na melhor proposta. O autor da história selecionada terá todos os recursos profissionais (desenhista, artefinalista, colorista e letrista) necessários a disposição​ para a produção de uma HQ de alta qualidade, viabilizada pelo The Story Boom. O site ainda ficará responsável por todo o processo de publicação e divulgação. A única coisa que o autor faz é escrever o roteiro de sua história em quadrinhos.

O primeiro quadrinho do The Story Boom já está disponível, escolhido num primeiro concurso-teste com 10 concorrentes. A primeira história foi NovaHope, do roteirista brasileiro Zé Wellington.

Em NovaHope, após uma grande crise econômica, as corporações substituíram os países. O líder do conselho que dirige as Corporações Unidas do Planeta, Adam Nova, promove um torneio de robôs de combate. Ele está procurando o soldado perfeito para ser financiado pela sua corporação. Rodeado por protestos de grupos que lutam pelos direitos dos robôs, o lutador favorito do torneio é Vulcano. Mas as coisas se complicam quando Vulcano é seqüestrado por um grupo terrorista pró-robôs. A primeira edição tem desenhos de Gulliver Vianei e cores de Marta Bonfante.

Para que o capítulo 2 de NovaHope seja realizado, é necessário que 500 pessoas se inscrevam no site usando o botão SUBSCRIBE no final do capítulo 1.

Descubra a história por trás dessa plataforma e como você pode participar no site oficial do The Story Boom."

segunda-feira, julho 02, 2012

Jornalismo em Quadrinhos na FLIP

Estou  bastante empolgado. Amanhã conduzirei um diálogo sobre Jornalismo em Quadrinhos com jovens da FlipZona, aqui em Paraty, RJ. Falarei sobre o panorama internacional das reportagens feitas nesse formato.

A empolgação tem um contexto que a explica. É que, no ano passado, esses mesmos jovens tiveram a oportunidade de fazer algo que eu muito invejo: entrevistaram Joe Sacco. Veja o vídeo aí embaixo.



Foi a primeira entrevista de Joe Sacco no Brasil, pelo que me disseram, e por isso dá pra ver que ele estava muito disposto a responder às perguntas, algo que não se repetiu nas entrevistas que se seguiram, para grandes veículos. Nessas, percebo que Joe Sacco foi ficando gradativamente entediado, dando sempre as mesmas respostas.

É para essa gurizada já bastante inteirada do trabalho de Joe Sacco que eu vou falar. Quer público mais qualificado? É um desafio, mas também uma honra. Por isso chamei de diálogo, e não de palestra.

Eis o serviço: a atividade é amanhã (terça-feira), às 16h30, na central da Flip Zona (rua da Matriz, nº 20). Quem veio pra FLIP e chegou uns dias antes do evento está convidado a participar.

quinta-feira, junho 07, 2012

Aproximações entre a Palestina e o Rio de Janeiro

Com muito orgulho, divulgo aqui a minha colaboração com o instituto Melton Prior, localizado em Düsseldorf, na Alemanha. Escrevi para eles um relato sobre o processo de produção da reportagem em quadrinhos Inside the Favelas, relacionando a minha experiência nas favelas do Rio de Janeiro com as de Joe Sacco na Palestina. O ensaio, em inglês, pode ser lido na seção de notícias do site do instituto. Tem que procurar pela data de publicação: 3 de junho de 2012.

quarta-feira, abril 11, 2012

Quadrinistas no Itaú Cultural

Do release:

"Itaú Cultural realiza Jogo de Ideias com os quadrinistas Laerte, Fábio Moon, Gabriel Bá, Luiz Gê e André Dahmer

As gravações para o programa de TV do instituto acontecem dias 13 e 14 de abril, na sede em São Paulo, abertas ao público, com entrada franca

As Histórias em Quadrinhos estão em alta no Itaú Cultural: sua sede, que atualmente abriga a mostra Ocupação Angeli, em homenagem ao quadrinista paulistano, recebe uma série de gravações com autores de HQs. São edições especiais do Jogo de Ideias, programa de entrevistas do instituto veiculado por canais de TV educativos e culturais parceiros e também via internet.

O público poderá conferir, com entrada franca, as entrevistas conduzidas pelo jornalista Claudiney Ferreira com os quadrinistas Laerte, Fábio Moon, Gabriel Bá, Luiz Gê e André Dahmer. Os programas vão abordar a carreira e a obra de cada um.

O Jogo de Ideias foca na produção cultural brasileira e nos artistas e profissionais responsáveis por ela. Já passaram pelo programa: Lygia Fagundes Telles, Ignacio de Loyola Brandão, Nelson Motta, Glauco Mattoso, Jorge Furtado, Milton Hatoum, Humberto Werneck, Arrigo Barnabé e os Barbatuques, entre muitos outros, nas mais de 200 edições. Além de gravações isoladas, são produzidos especiais e séries temáticas, sendo a mais recente delas a Série Repórter. Além de exibido na TV, o programa está presente no canal do Youtube do Itaú Cultural.

Programação - Jogo de Ideias: HQ

13 de abril (sexta-feira)
18h – Luiz Gê
20h - Laerte

14 de abril (sábado)
17h – André Dahmer
19h - Fábio Moon e Gabriel Bá

Local: Itaú Cultural – av. Paulista, 149 – Paraíso − São Paulo – SP [estação brigadeiro do metrô]

Fone (11) 2168-1777 - atendimento@itaucultural.org.br - www.itaucultural.org.br

Entrada franca (Ingressos distribuídos 30 min antes de cada gravação)

Quadrinistas Convidados

André Dahmer – Carioca, autor da série Malvados. Projetou-se via auto-publicação de tiras na internet (www.malvados.com), ganhando espaço na imprensa, como no Jornal do Brasil, n’O Globo e na Folha de S.Paulo. Sua produção artística abrange ainda pinturas e gravuras. Já publicou três livros de HQ (A Cabeça é a Ilha, O Livro Negro de André Dahmer e Malvados) e um de poesia (Ninguém Muda Ninguém).

Fábio Moon e Gabriel Bá – Gêmeos paulistanos com carreira internacional em ascensão, graças à sua produção para o mercado norte-americano: foram os primeiros brasileiros (ao lado de Grampá) a ganhar o prêmio Eisner Awards, apelidado de “Oscar dos quadrinhos”, pela coletânea 5. Repetiram o feito com a série Daytripper, entre outros prêmios. Em sua trajetória estão o fanzine 10 Pãezinhos, revistas independentes e seis livros nacionais (como Mesa Para Dois; e uma adaptação em HQ de O Alienista), histórias recheadas por dramas cotidianos e realismo fantástico. Mantém um blog em português e outro em inglês (www.10paezinhos.com.br).

Laerte – Nascido em São Paulo, começou publicando nas revistas Balão e Sibila. Em sua carreira de mais de 40 anos, produziu para movimentos sindicais e publicou nos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, entre outros. Fez ainda roteiros para os programas televisivos TV Pirata, TV Colosso e Sai de Baixo. Nos anos 90, publicou a revista Piratas do Tietê. Outras criações suas são Muriel (versão travestida de seu personagem Hugo), Overman, Deus e Suriá e, como o colega e parceiro criativo Angeli, tem sua obra difundida por diversas mídias e formas de expressão.

Luiz Gê – Paulistano, é arquiteto, mestre em Ilustração pelo Royal College of Art de Londres e professor da FAU/Mackenzie. Um dos fundadores das revistas Balão e Circo, foi editor de arte da revista Status e colaborou para veículos como Folha de S.Paulo, O Pasquim, Veja e IstoÉ. Entre suas HQs está uma especial sobre a Avenida Paulista (relançada agora como livro). Foi ainda parceiro do músico Arrigo Barnabé na criação do disco Tubarões Voadores e atuou como roteirista audiovisual, caso de sua colaboração para o filme Cidade Oculta, de Chico Botelho."

quarta-feira, março 28, 2012

Por um lugar para Liniers na Academia

Com muito orgulho divulgo aqui o novíssimo número (o quarto!) dos Cadernos de Não-Ficção, publicação de ensaios sobre literatura da editora porto-alegrense Não Editora. Esta edição trata da Argentina. Tive a oportunidade de prestar a minha colaboração, com um ensaio sobre as entrevistas em quadrinhos do Liniers. Pode folhear e ler à vontade aí embaixo. O meu texto começa na página 62 e vai até a 69.

Importante: se clicar em cima com o mouse, você consegue ler em tela cheia. Bem mais confortável para os olhos!

sexta-feira, março 16, 2012

Angeli ocupa o Itaú Cultural a partir de hoje


Do release:

"De 16 de março a 29 de abril, o Itaú Cultural apresenta a mostra 'Ocupação Angeli', a primeira da série de ocupações de 2012. A mostra toma o térreo do instituto com uma estilização do estúdio habitado pelas criações que o celebrizaram, como Rê Bordosa, Bob Cuspe, e Woody & Stock, e por outras facetas da vida e obra desse artista representadas pelo seu traço, trabalhos e fotos menos conhecidas. A curadoria é da designer gráfica Carolina Guaycuru, mulher dele. O projeto expográfico é da cenógrafa e arquiteta Patrícia Rabbat.

Em paralelo, de 29 de março a 1 de abril, haverá a mostra de filmes HQ, a maior parte com produções na área da história em quadrinhos e animação. São 13 produções - quase todas fazem alguma referência a ele - são tirinhas que ganharam vida, ou depoimentos dele ou documentário..."

Cutuque aqui para saber detalhes da programação.

Abaixo, uma galeria de imagens do artista e da obra.

domingo, março 11, 2012

Quadrinhos e teatro em Curitiba, PR

Divulgando o release:

"CENA HQ BRASIL

Projeto inédito de leituras dramáticas e debates sobre a cena contemporânea dos quadrinhos brasileiros em Curitiba.


Com patrocínio da Caixa Federal, chega o projeto Cena HQ Brasil. Durante o ano de 2012, serão apresentadas mensalmente no Teatro da Caixa leituras dramáticas de 09 'Graphic Novels' nacionais, com direção e interpretação de alguns dos maiores nomes do teatro curitibano na atualidade. Cada leitura será seguida de um debate entre o encenador e o autor da obra. Com curadoria de obras e autores de José Aguiar e curadoria de encenadores de Paulo Biscaia Filho, o programa fará com que esses inusitados encontros entre quadrinhos e artes cênicas deflagrem discussões sobre a atual produção de quadrinhos no Brasil.

Depois desta primeira leitura, o projeto apresentará mensalmente novas obras de autores como Lourenço Mutarelli, André Diniz, Sandro Lobo entre outros. As direções estarão sob a batuta de grandes nomes do teatro curitibano como Edson Bueno, Sueli Araújo, Nina Rosa, Marcio Mattana, e outros.

SERVIÇO:
14 de março (Quarta) às 20h.
Leitura dramárica seguida de debate com os autores.
Ingresso: 01 livro de quadrinhos ou 01 livro não didático.
Teatro da Caixa - Rua Conselheiro Laurindo, 280 - Centro"

sábado, março 10, 2012

Senhor Cash

Ainda aproveitando a onda de comemorações aos 80 anos da data de nascimento de Johnny Cash, celebrados no último dia 26 de fevereiro, tive a oportunidade de responder a uma gostosa entrevista sobre a tradução de Johnny Cash - uma biografia, do quadrinista alemão Reinhard Kleist. As perguntas são do blog Senhor Cash, hiper-especializado na obra do músico. Segue abaixo!

***

"No livro, vemos um Johnny Cash mais sombrio. Foi essa mesma a intenção de Kleist?

Sim, foi mesmo, e essa intenção já se manifesta no fato de o livro ser em preto e branco. O Johnny Cash de Kleist é uma espécie de Cavaleiro das Trevas da música country, o que de certa forma demarca a inflluência da linguagem dos quadrinhos na obra. A versão cinematográfica Johnny & June, apesar de bastante diferente, também evidencia a influência de um gênero e de uma linguagem no resultado estético. Essas diferentes versões, no entanto, não significam de modo algum falhas de uma ou outra obra. O mesmo homem pode ser lido sob diferentes luzes. É questão de interpretação. Isso tudo condiz com a declaração feita por uma das personagens da HQ, na página 92: "De vez em quando você tem de ler apenas nas entrelinhas. Então você tem as verdadeiras histórias. No fim, são as histórias que permanecem, não os fatos. E histórias precisam ser contadas." O Johnny Cash de Kleist é isso, um homem iluminado pela luz de uma lanterna na floresta escura.

Qual a importância das músicas (letras) no livro, já que algumas ganharam aspecto de mini-capítulos?

É difícil fazer a biografia de um músico, tanto em quadrinhos quanto em prosa. Por quê? Porque esses são meios visuais, o que faz perder o principal elemento de um personagem como esse: a sua arte. Não que isso inviabilize um trabalho, pois há alternativas. Kleist, por exemplo, usa as músicas como interrupções para dar ritmo à leitura - como as pausas em uma música! Ele inclusive 'desenha' essas músicas, da mesma forma que Crumb faz em
Blues. Isso só é possível, claro, porque as canções de Johnny Cash são de natureza narrativa. Elas contam uma história e, quando a ouvimos, imaginamos essa história. São, portanto, músicas visuais!

Por outro lado, essa estrutura utilizada por Kleist tem outra função: ela insere as obras dentro do contexto da vida do autor contada durante todo o livro. Porque os grandes artistas - os de reconhecimento duradouro - não criam apenas por objetivos comerciais. Eles 'sentem' o que criam, e essa sua obra tem então origem nos acontecimentos à sua volta. Assim é a história de Johnny Cash e assim conseguiu Kleist reproduzir essa história na forma de quadrinhos.



Por que o livro ganhou tantos prêmio pelo mundo todo?

Premiações às vezes dizem respeito mais a questões extraliterárias (extraquadrinísticas também) do que à qualidade da obra. Mas há casos raros em que mérito e reconhecimento do meio coincidem. É o caso de
Cash - uma biografia. Vejo nessa obra diversos motivos para essa carreira premiada. Um dos principais são técnicos: a qualidade do desenho, as dificuldades de narrar em preto e branco, o layout das páginas... Outros são de natureza narrativa: o modo como Kleist compôs a obra, a escolha do narrador, a estrutura dos capítulos etc. Mas, no fundo, no fundo, o que importa mesmo é o conjunto da obra composto pelo mosaico de todas essas partes. O que importa mesmo é a interpretação que Kleist nos dá de Johnny Cash. Sem romantismo, sem iconolatria. Apenas o homem e o que ele conseguiu com sua arte, sem esquecer aí o que isso lhe custou. O ônus e o bônus. Como na vida de todos nós, pessoas reais.

Na sua opinião, o que diferencia Cash de outro ídolos da música americana?

Acho que a sua versatilidade é um elemento importante que o diferencia. Johnny Cash, que começou com um ídolo comum da música country, tornou-se no fim da vida um artista contracultural. E em todas as fases da sua carreira há músicas emblemáticas que permanecem idolatradas até hoje. Ele também é bastante admirado por sua audácia e coragem - como por ter tocado para os prisioneiros na prisão Folsom, por exemplo - e pela sua perseverança ante os obstáculos da vida - a morte do irmão, as crises com as drogas, o relacionamento com June. Em suma, Johnny Cash sintetiza a unificação entre artista e obra, e aqueles que o admiram de verdade o admiram como homem e como músico.
"

sexta-feira, março 09, 2012

Mamma mia!

Carlo Gubitosa, Mauro Biani e Marco Pinna fizeram uma estripolia na Itália. O triou inspirou-se nesta capa da revista Time...


... para fazer uma paródia na capa da revista de jornalismo gráfico Mamma!

O ser vampirizado aí é Mario Monti, primeiro-ministro da Itália.

Carlo Gubitosa descreve assim a proposta da paródia: "Os primeiros meses de Monti na presidência foram caracterizados por fortes ataques contra aposentados, pessoas em vias de se aposentar e trabalhadores das classe média e baixa, além de obediência cega às vontades dos grandes e poderosos bancos da Europa e aos 'tubarões' financeiros... nós o retratamos como vampiro porque seu plano econômico foi descrito como baseado em 'lágrimas e sangue', com a alegação de que salvaria a Itália da crise, mas a Itália precisa ser salva de pessoas como Monti e seus antigos empregados do banco Goldman Sachs."

domingo, fevereiro 26, 2012

Domínio quadrinístico

"A equipe da Continuum tem notado que, a cada número lançado, se repete uma situação não premeditada, mas muito bacana: a aproximação de pautas que, no conjunto da edição, dão um peso maior a algum tema ou área de expressão. Foi assim na revista passada, quando ganhou força a arte urbana. Nesta, são os quadrinhos que dominaram o pedaço."

Assim começa o editorial da edição mais recente da revista Continuum, do Itaú Cultural. De fato, a publicação está cheia de textos sobre quadrinhos - coisa rara no jornalismo cultural brasileiro, que costuma pensar que duas pautas sobre quadrinhos na mesma edição já é um excesso (o que não é o caso de duas ou mais pautas de música, literatura ou cinema, por exemplo).

Nesta edição da Continuum, você lê:

1) uma homenagem a Angeli (por sinal, capa da revista!)
2) uma reportagem sobre mulheres quadrinistas
3) uma pequena entrevista com o autor da HQ sobre Jack Kerouac
4) a última parte de uma HQ de Lourenço Mutarelli

Tudo isso você confere na versão online, cutucando aqui. Mas o ideal mesmo é ter acesso à edição impressa, que tem uma bela diagramação e vem cheia de imagens (fundamental quando se trata de quadrinhos). Há exemplares da revista disponíveis gratuitamente na sede do Itaú Cultural na Av. Paulista, em São Paulo, mas você também pode baixar a versão para iTunes.

Hoje Johnny Cash faria 80 anos...

... e, para comemorar a data, jornais do mundo inteiro publicaram, neste domingo, reportagens sobre o músico.

Em Passo Fundo, RS (que também pertence ao mundo), o jornal O Nacional dedicou um bom espaço ao tema, focando especialmente na biografia em quadrinhos feita pelo alemão Reinhard Kleist. Divulgo aqui a entrevista que concedi à jornalista Marina de Campos.

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Sobre tradução

Estava eu hoje respondendo a perguntas sobre a tradução de Johnny Cash - uma biografia (8Inverso, 2009), quando me dei conta de que não divulguei aqui uma outra entrevista que concedi no ano passado, para o site da editora. Segue abaixo! As perguntas são do jornalista Vitor Diel. Algumas respostas estão desatualizadas, pois a entrevista foi feita em junho de 2011 e de lá para cá muita coisa mudou. Mas são só os dados que mudaram, o conteúdo mais importante parmanece atual.

***

1) Primeiro, resuma um pouco da tua biografia e currículo: idade, onde nasceste, formação, trabalhos que tens feito, cursos que ministras, línguas nas quais tem fluência, etc.

Eu nasci em Porto Alegre, no dia 17 de novembro de 1985, portanto tenho 25 anos. Aos 15 me mudei para Santa Maria, onde terminei o Ensino Médio e fiz a faculdade de Comunicação Social - Habilitação Jornalismo, na UFSM. Logo após concluído o curso, voltei para Porto Alegre para fazer a Oficina de Criação Literária do escritor Luiz Antonio de Assis Brasil. Desde então, trabalho como jornalista cultural freelance, colaborando com veículos como a Revista da Cultura, a Continuum (do Itaú Cultural) e a espanhola Zona de Obras. Também sou colaborador do Goethe-Institut Porto Alegre, em projetos ligados a quadrinhos, e do Itaú Cultural. E estou desenvolvendo uma reportagem em quadrinhos sobre as favelas cariocas para o site holandês Cartoon Movement. Além do português, falo inglês e alemão, e estou aprendendo japonês.

2) De quem partiu a iniciativa de traduzir o Johnny Cash? Já conhecias o trabalho do Kleist?


Entre 2008 e 2009, morei na Alemanha por oito meses, trabalhando como Aupair. Foi lá que tive contato com a maioria das obras de quadrinhos que tenho me esforçado para trazer para o Brasil, como foi o exemplo de Cash, do Reinhard Kleist. Essa história eu contei no posfácio da edição brasileira, da 8Inverso. Em Berlim, eu visitei o ateliê de um outro quadrinista que eu admiro, o Mawil. Pois ele dividia na época o espaço com mais três quadrinistas, entre eles o Kleist. Foi aí que conheci o trabalho dele. De volta ao Brasil, em meados de 2009, o Robertson Frizero (que foi meu colega na oficina de criação literária do Assis Brasil) me pediu sugestões de projetos para a editora da qual ele recém virara sócio, a 8Inverso. Eu sugeri a tradução de Cash. Aí ocorreu uma coincidência que ajudou bastante nessa decisão: eu já estava organizando um evento com o Goethe-Institut Porto Alegre que traria o Kleist para o Brasil no final do mesmo ano. A editora aprovou a ideia, e então corremos para fazer a tradução a tempo de lançar com a presença do autor. Eu me sinto orgulhoso por ter trazido a obra do Kleist para o Brasil, mas também sei que isso só ocorreu porque houve uma editora com visão suficiente para topar a empreitada e ver aí uma grande oportunidade. Ainda hoje há vários autores alemães consagrados esperando por tradução. Não é toda editora que tem esse tino para negócio.

3) Uma graphic novel biográfica, como é o caso de Johnny Cash – uma biografia, aproxima-se mais da literatura ou do jornalismo?

Eu diria: aproxima-se mais do Jornalismo Literário. A reportagem feita em profundidade, no meu ver, tem muita semelhança com as melhores obras literárias, porque acaba não apenas informando, mas também transformando. Elas nos fazem pensar. O Jornalismo Literário bem feito também tem esse poder. Claro que aí há uma discussão sobre uma possível fronteira entre ficção e não-ficção, o que é bem questionável até certo ponto. A respeito disso, gosto muito de citar o que um personagem diz na página 94 de Cash: "De vez em quando você tem de ler apenas nas entrelinhas. Então você tem as verdadeiras histórias. No fim, são as histórias que permanecem, não os fatos. E histórias precisam ser contadas." Acho que o Jornalismo Literário ou mesmo as biografias em quadrinhos seguem exatamente esse preceito: se bem feitos, contam uma história que nos ensina algo. E essa história surge de uma apuração minuciosa, sem se ater apenas às informações objetivas.

4) A edição original do livro foi publicada na Alemanha em 2006, próximo ao lançamento do filme americano “Johnny & June”, também sobre a vida de Johnny Cash. Que diferenças existem entre as histórias apresentadas nas duas obras?

Pois isso foi uma coincidência. O Kleist não sabia que estava sendo feito o filme. Na minha visão, a versão cinematográfica da vida de Johnny Cash é mais romanceada, focada mesmo na relação dele com a June. Uma história de amor, praticamente. Já o quadrinho de Kleist tem uma atmosfera mais sombria, com bastante peso para o efeito das drogas na vida do Cash. Acho que por isso o trabalho do Kleist corresponde melhor ao que foi à vida de Johnny Cash. Se você acompanha a trajetória completa de Cash - incluindo aí a relação com a June, a carreira musical, sua infância e o uso das drogas -, você compreende (eu diria, você "sente") muito melhor o clipe "Hurt" (veja abaixo), que é praticamente um apanhado de tudo o que a vida de Cash significou. Com o filme não. Com o filme você tem uma visão mais positiva e menos realista da mesma história.



5) Existem limitações narrativas impostas pelo gênero graphic novel? Qualquer história pode ser transposta e adaptada aos quadrinhos?

Essa é uma ótima pergunta. Se formos pensar que o quadrinho é uma mídia visual, pareceria loucura contar aí a trajetória de um músico. Por isso o trabalho do Kleist merece tantos elogios. Por outro lado, acredito que há histórias mais apropriadas para a linguagem dos quadrinhos. Trabalho com Jornalismo em Quadrinhos e tenho pesquisado bastante sobre que vantagens há em se fazer uma reportagem usando essa linguagem. Afinal, há pautas mais adequadas para televisão, outras para impresso, outras para rádio. No meu ver, o quadrinho é muito bom para histórias com bastante apelo visual e que exigem reconstituição de cenas e construção de atmosferas. Nesse sentido, a sarjeta (o espaço entre um quadro e outro) pode ser um recurso excelente para tornar o leitor o responsável pela criação do clima da história, ou seja, para jogar o leitor dentro da história. É uma arte difícil de dominar, mas que o Kleist faz muito bem.

6) Que sugestões darias a jovens estudantes interessados no trabalho de tradução literária?

O importante da tradução literária é dominar a língua de chegada - o português, no nosso caso. Porque o alemão, por exemplo, é uma língua de difícil domínio. É uma língua que esconde muitas sutilezas de significado, mesmo para quem já convive há anos com o idioma, como é o meu caso. Para traduzir Cash, eu contei com a ajuda do próprio autor e de um amigo alemão que fala português. Eles foram cruciais para eu entender o signifcado preciso de algumas frases, principalmente no que diz respeito ao subtexto. A minha responsabilidade portanto foi encontrar a melhor forma de traduzir isso na minha língua, fazer o trabalho de Kleist se comunicar de maneira eficiente com o leitor brasileiro. Por isso acho que o importante mesmo é dominar os recursos da língua de chegada. Já com a língua de partida é necessário ter uma relação longa e profunda, claro, mas dificilmente se conseguirá dominá-la. É aí que vêm em nosso auxílio os dicionários e outras fontes.

7) Como é a rotina e a prática do trabalho de tradução de livros?

É difícil responder a isso. Cash foi a minha primeira e única tradução até agora. Para esse trabalho, tive um desafio especial: tive que traduzir em três semanas, para dar tempo de lançar o livro com a presença do autor. Isso ocorreu porque comecei a conversar com o Robertson em julho, se não me engano. E em setembro a 8Inverso estava fechando o contrato com a Carlsen, que detém os direitos da obra. Antes disso eu não podia traduzir. Foi uma correria, mas deu tudo certo. Enquanto o contrato não ficava pronto, eu me preparei assistindo a documentários sobre a vida de Johnny Cash, de modo que quando eu comecei o assunto não era novo para mim. Agora vou fazer minha segunda tradução e o método será certamente outro. Para começar, não é um trabalho biográfico, então esse tempo de pesquisa diminui um pouco. Por outro lado, também terei mais tempo para a tradução, o que permitirá um preciosismo e uma reflexão ainda maior. O que, claro, já houve durante a tradução de Cash. Acho no entanto que com a correria eu não pude curtir tanto o trabalho: era acordar de manhã e trabalhar em três turnos, quase sem pausa. Nesse novo trabalho quero aproveitar mais o processo, me divertir com ele. Ainda mais que se trata de uma obra que eu gosto muito.

8) Como proceder para acompanhar teu trabalho ou entrar em contato? Tens blog, utilizas as redes sociais?

Eu tenho um site, onde está publicado meu portfólio. O endereço é este: www.augustopaim.com.br. Ali é possível acessar meu perfil no Facebook e no Twitter (@augustoteles). Também tenho dois blogues: o www.cabruuum.blogspot.com, onde desde 2005 escrevo sobre quadrinhos; e o www.augustfest.blogspot.com, que começou como um espaço para relatar as minhas experiências de intercambista e onde hoje divulgo meus mais recentes trabalhos, bem como publico textos literários.