domingo, fevereiro 26, 2006

Pra aliviar a tensão II - versão para maiores de 18 anos [direto de Salvador, BA, no calor da hora]

Um dia a gente cresce e entende que existe sexo. Impressionante, por um bom período da infância (uns mais, outros menos), a gente ignora isso. Mais tarde olhamos para trás e vemos sexo até onde antes não víamos (e talvez nem houvesse mesmo, em alguns casos).

Isso vale para o reduto da nossa inocência: as histórias em quadrinhos e os desenhos animados. Olívia Palito e Popeye faziam amor? E os Flinstones, como fizeram a Pedrita? E os ThunderCats, como se seguravam no meio de um monte de gatas?

Pois bem, chegou a hora da verdade: a hora de saber, por exemplo, que até mesmo Popeye e Olívia Palito transavam!!! E não só entre eles!!!


[Ehehehehe]

Logicamente, a página acima (escolhi uma das poucas sem pornografia, por recato) é uma paródia. Eis o Paupay, versão pornô do Popeye (cutuque com o mouse em cima do nome)!

Tem também os Fucknstones (avacalhação com os Flinstones, incluindo a história "O Casamento de Prechita") e os FuckerCats (porno-paródia dos ThunderCats).

Se você não tem crianças na sala, ou mesmo quer fazer crianças na sala, taí uma boa pedida! Divirta-se!

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Pra aliviar a tensão [direto de Salvador, BA]

Minha priminha Brenda, 11 anos de experiência (e de vida), treinando para ser correpondente, me mandou essas tiras aí de baixo. Eu as achei tão singelas (ainda mais depois do último post) que faço questão de publicar (tomara que ninguém se ofenda. Eheheh). São da Turma da Mônica!

Eis as ditas cujas:

Valeu, Brenda!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Mais lenha na fogueira [enviado especial para a "cobertura" do evento (adivinhe qual!!! Eheheh) em Salvador, BA]

Quer dizer, a lenha não é minha, mas eu tô deixando aí, pra quem quiser botar no fogo. Quem trouxe foi o meu professor Rondon Martim Souza de Castro, que carregou muita madeira na Folha de São Paulo e na revista Terra, dentre outros veículos. O Rondon me passou este link aqui, que acrescenta muitos pontos nas discussões sobre as charges de Maomé, assunto do post passado. Veja lá!

sábado, fevereiro 11, 2006

Uma difícil questão [enviado especial a Porto Seguro, BA]

Liberdade de expressão e (cuidado: não é versus) respeito à crença alheia. Isso poderia ser uma disputa, mas é melhor colocar como dois pesos de uma balança. Pois é no equilíbrio que os dois lados acham um meio-termo.

Você deve ter lido/ouvido/visto por aí: a publicação, em setembro do ano passado, na Dinamarca, de charges cujo personagem é o profeta muçulmano Maomé suscitou conflitos (simbólicos e/ou sangrentos) entre o mundo árabe e o Ocidente. Agora, em fevereiro, a revista jordaniana Shihane republicou as charges, provocando mais distúrbios. Eis uma delas:





[Veja outras charges e um fórum de discussões sobre o assunto cutucando com o mouse aqui!]

Daí que a gente pode pensar: poxa, só por causa de uma caricatura como essa aí de cima o povo lá do outro lado destrói embaixadas, incendeia prédios e usa a bandeira da Dinamarca pra limpar os pés? Acontece que o Islamismo não permite qualquer tipo de representação do seu líder.

Bem, a questão não parece ser simples. Vou resumir algumas idéias que peguei da internet pra suscitar o debate:

  • "O Vaticano, por sua vez, afirmou que o direito à liberdade de expressão não inclui a ofensa às crenças religiosas (...)" (Matéria do portal Terra)
  • "O principal jornal iraniano anunciou (...) um concurso de caricaturas sobre o Holocausto, em resposta à publicação de desenhos do profeta Maomé nos jornais europeus (...)" (Matéria do Jornal da Mídia)
  • "O jornal dinamarquês Jyllands-Posten, o primeiro que publicou as polêmicas charges do profeta Maomé, há três anos havia se negado a divulgar ilustrações satirizando Jesus Cristo, já que as considerava ofensivas para seus leitores e nada engraçadas (...)" (Outra do Jornal da Mídia)
  • "Jornais na França, Alemanha, Espanha, Suíça e Hungria republicaram a charge esta semana, dizendo que a liberdade de imprensa é mais importante que os protestos e boicotes provocados pelo desenho." (Matéria do Yahoo!)
  • "O France Soir publicou uma nova charge em sua primeira página mostrando figuras sagradas budistas, judaicas, muçulmanas e cristãs sentadas em uma nuvem, com a legenda: 'Não se preocupe, Maomé, nós todos já viramos caricaturas aqui'." (Matéria da BBC Brasil)

A resposta dos cartunistas

Essa imagem aí do lado é uma espécie de "contra-charge" (acho que acabo de inventar a palavra). Você sabe, o povo que faz cartunismo é tão unido quanto os fundamentalistas. O povo do jornalismo também, o que já dá pano pra manga nesse debate...

[tirei a charge do http://www.chargeonline.com.br/]

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Stan Lee: perfil, frente e costas

Assisti domingo a um belo DVD, recomendável a qualquer fã de quadrinhos. O título original: "Mutants, Monsters & Marvels". No Brasil, "Mutantes, Monstros e Quadrinhos", com uma bela perda em aliteração - a inicial de todas as palavras começando com a mesma letra ("M", no caso), bem típico do Stan Lee, protagonista do filme e criador de personagens lendários da história das histórias em quadrinhos, como Homem-Aranha, Hulk, Quarteto Fantástico, Demolidor, X-Men e Surfista Prateado, dentre outros.

O DVD conta com duas entrevistas de Stan Lee e mais alguns extras, como uma entrevista com a mulher dele, Joan, uma seqüência de cenas de arquivo do cara com a família e um poema escrito e recitado por ele. A desvantagem é que os extras não têm dublagem nem legenda. Mesmo assim, vale a pena pegar/comprar o DVD (cutuque na figura aí do lado). Vou resumir aqui o principal:

O entrevistador anônimo
De início, você se incomoda. Está ali o Stan Lee bonachão, sentado numa cadeira, no meio de uma loja de HQ. Ao lado, o cara que faz a entrevista. E a cada respiro do entrevistado, sem dó nem piedade, o outro fica confirmando com um "ah-rã", "brum", "yes". Uma hora enche o saco.

Mas aí o Stan Lee diz: "Eu me sinto tolo aqui. Eu deveria lhe fazer perguntas. Sua vida é mais interessante!". E aí você devagarzinho vai descobrindo que o entrevistador é Kevin Smith, cineasta e quadrinista, bastante elogiado por Stan. Kevin chegou a fazer as páginas do Demolidor por um tempo.

[Esse é o Demolidor]

O entrevistado famosíssimo
Você tem um resumão dos 83 anos de vida do Stan Lee cutucando com o mouse em cima do nome dele, no início desta postagem. E é importantíssimo que você faça isso, a história do cara é interessantíssima. Aqui, o que importa é dizer que o cara é daquelas pessoas que sabe bem o seu lugar no mundo, sem falsa modéstia, mas também sem arrogância. Em alguns momentos, parece uma figura pueril, como quando diz que sempre bota o nome e o sobrenome dos seus personagens começando com a mesma letra, como Peter Parker (Homem-Aranha), Reed Richards (Sr. Fantástico), Matt Murdock (Demolidor) e Bruce Banner (Hulk), já que o quadrinista tem memória fraca e assim ficava mais fácil lembrar dos nomes (a excessão seria Tony Stark, o Homem de Ferro. Por quê? Ora, porque o Stan Lee não se deu conta mesmo...). E também quando mostra que muitas das suas criações e as relações entre elas são obra do acaso ou do humor.


[Stan Lee não é de ferro, mas o Homem de Ferro, óbvio, é]

Stan Lee engana na entrevista. Um emblema vivo dos quadrinhos, só deixa escapar conteúdo quando diz que gostava de fazer os diálogos de Thor pois misturava linguagem de Shakespeare e da Bíblia. E que o Demolidor é seu personagem favorito, pois obteve um grande retorno de associações de deficentes visuais, às quais esperava desagradar. Também conta como gostava do Surfista Prateado, pois era por meio dele que colocava a sua própria filosofia.

[à esquerda, o stanleeano Surfista Prateado; à direita, o mitológico Thor]

Curiosidades
Surgiu na entrevista, eu achei bacana trazer pra cá: o Homem-Aranha (veja imagem no antepenúltimo post) é um dos poucos heróis que têm o corpo inteiro coberto pelo uniforme. Nem um pedaço do rosto aparece. Isso facilita a identificação, ou seja, você pode ser índio, negro, loiro, amarelo, cor de rosa, laranja com bolinhas verdes e ainda assim ser o Homem-Aranha!

Mary Jane, a mulher de Peter Parker... Stan ficou sabendo depois que MJ, seu apelido, é uma sigla pra maconha, também. O cara não sabia. (A mim aumentou a dúvida se a música Mary Jane, da banda gaúcha Papas da Língua, faz referência à mulher de Peter Parker, à droga ou à alguma outra história qualquer...)

Stan Lee explica como criou a maioria de seus personagens, dando origem ao que Kevin Smith chamou de "mitologia moderna". Acontece que algumas criações são bem mais práticas do que teóricas. Os X-Men, por exemplo, Stan disse que os fez mutantes por mera preguiça. Estava cansado de ficar criando justificativas pros poderes tais de tais heróis. Sendo mutantes, seus personagens podiam ter quaisquer poderes, só com a justificativa de terem uma mutação genética mesmo.



[X-Men, nascidos do ócio criativo]

Em outros casos, Stan teve de criar uma justificativa para as habilidades de seus heróis. O Homem-Aranha é picado por uma aranha radioativa, o Hulk é atingido pela explosão de uma bomba gama e o Quarteto Fantástico recebe raios cósmicos. Por nomenclaturas como essa, Stan Lee costuma ser reconhecido como produtor de ficção científica. Mas ele diz que ninguém entende menos de ciência do que ele. Stan simplesmente não sabe o que é radiação, raio cósmico ou bomba gama. Achou os nomes sonoros e botou.



[à esquerda, o Quarteto Fantástico; à direita, o Incrível Hulk]

Pelo menos dois personagens são inspirados no próprio Stan: J. Jameson, o malvado chefe do Peter Parker no Clarim Diário, e Reed Richards, o líder do Quarteto Fantástico. O quadrinista diz que colocou neles um pouco de como acha que as pessoas o vêem: um sujeito meio mau-humorado (daonde!). Daí eu fiquei pensando se as laterais embranquiçadas do cabelo de Jameson e de Richards não seriam de propósito, para marcar essa ligação... Quem souber, me diga!

[o algoz do Peter: compare com as melenas do chapa do Quarteto, ali em cima. Você visualiza melhor aquela cutucando com o mouse aqui]

Frases do Stan Lee

"Nunca escrevi para crianças. Escrevia para mim"

"Não se pode implicar muito com uma pessoa com talento. Não deve dizer: 'Não faça assim!' Deve deixá-la à vontade."

[Quando assumiu a presidência da Marvel Comics, por um tempo:] " Eu tinha de fazer planos para 3 anos, 5 anos para a empresa. Eu sou do tipo que não sabe o que comerá no almoço..."

Marvel vs. DC
Domingo entendi um pouco da minha simpatia pela Marvel durante a infância. Assinava as revistas da DC Comics, também, mas sempre as achei muito sérias, sisudas. As da Marvel davam gosto de ler.

Isso porque Stan Lee adotou o estilo de conversa tête-à-tête com seus leitores. Totalmente informal, pessoal. Você pode comparar a diferença na parte das cartas dos leitores. A Marvel sempre se dirigia a seus fãs pelo primeiro nome e tirava a palavra "Editor" do cabeçalho. Ficava: "Caro [Editor] Stan!"

As respostas das cartas eram dadas de forma bem-humorada também ("Obrigado por nos escrever, agora sabemos que temos leitores"), assim como os créditos das histórias (Steve "Sisudo" Ditko).

Método Marvel
Essa é pérola. Sem ter tempo para escrever roteiros, Stan Lee chegava a uma equipe de desenhistas e dizia como era a história que queria. E deixava a cargo deles. Depois, pegava a história desenhada e inseria as legendas e os balões, conforme ficasse melhor. Ou seja, a história era contado primeiro visualmente, pelos desenhos, depois pelas palavras. Um método bem diferenciado...

Quadrinhos e Cinema
Quem acha que o Stan fica de cara quando vê seus personagens sendo distorcidos na telona está enganado. O cara diz que se fascina só de ver o Homem-Aranha voando pelos prédios de Nova Iorque e que às vezes esquece que aquele personagem é dele.

No mais, contou um episódio, quando da confecção da série antiga do Hulk. Bem, o nome do personagem, quando não transformado, é Bruce Banner. Mas a produção do seriado colocou David Banner. Simplesmente, porque achavam que Bruce soava muito homossexual...! No fim, por caridade com Lee, deixaram David Bruce Banner.

[E os caras se preocupando com o nome... tsc, tsc!]


É isso
Não se esqueça de se enganar com os próprios olhos! Assista o DVD!

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Feliz aniversário atrasado!!!

A minha amiga e "correspondente de guerra" Elisa Andrade Buzzo, escritora, jornalista e autora do blog Calíope, sobre jornalismo e literatura, me passou a pauta quentinha, quentinha. Começou perguntando:

- Augusto, quadrinhos são literatura?

Eu já fui citando todo faceiro o Scott McCloud, autor do livro Desvendando os Quadrinhos, pra defender que HQ é arte assim como a literatura, mas quadrinhos não são literatura. Sim, pois quadrinhos são outro tipo de arte, nem menor nem maior. A tal da nona arte.


Mas a Elisa perguntou por perguntar. Só queria me passar este link aqui!

Trata-se de um artigo sobre o livro Maus - A História de um Sobrevivente, de Art Spielgeman, jornalista-quadrinista. Vale a pena ler ambos, embora a pergunta do subtítulo, a mesma que a Elisa me fez, não seja respondida.

***

E, salvo pelo gongo e pela minha amiga Ana Tiellet, de Ijuí (RS), mesmo que badalando com dois dias atrasos, eis um textinho comemorando o aniversário dos quadrinhos brasileiros, ocorrido em 30 de janeiro.