terça-feira, outubro 28, 2008

Quadrinhos por todos os (quatro) lados

Desde que criei este humilde blog, o mundo assumiu novas feições para mim. Deixou de ser redondo para virar quadrinho. Afinal, para todo lugar que eu olhe, aonde quer que eu vá, vejo que o mundo (e as coisas do mundo) querem falar comigo sobre o mesmo assunto: quadrinho. Ou às vezes eles querem falar sobre outra coisa, mas eu desvio para o tema.

Isso tudo para explicar que neste final de semana, aqui na Alemanha, pensei duas vezes neste blog, fazendo coisas que nada tinham a ver com ele. Nenhuma delas muito importante, mas achei que valia registrá-las.

A primeira vez foi no Schokolademuseum, em Köln (no Brasil, essa linda cidade é conhecida como Colônia). Que lugar para se pensar em quadrinhos, hein! No meio de tanto chocolate... Sim, eu sei, eu não teria porque pensar em quadrinhos lá, se não tivesse encontrado, no último andar, na seção para crianças, este brinquedo:



Não me pergunte como funciona, nem o que diz ali nessa réplica de Kinder Ovo, porque entender uma frase em alemão leva mais ou menos dez minutos, e eu não tinha todo esse tempo. Apenas vi, fotografei e agora compartilho.

A segunda vez foi assistindo a um filme da minha infância, que peguei para treinar o idioma e lembrar do tempo em que era eu quem deixava malucos os adultos à minha volta. O nome do filme: "Die Unendliche Geschichte". Calma, calma, não vá embora. Não se assuste com o nome. Você certamente também já assistiu a esse filme na Sessão da Tarde. "História Sem Fim", em português.

Pois numa das primeiras cenas do filme, o menino Bastian, fugindo de garotos que o perseguem, vai parar numa velha livraria. A conversa que ele trava com o livreiro é mais ou menos assim:

Livreiro: - Vai embora! Eu não posso com crianças! - Bastian caminha em direção ao velho, que está sentado na poltrona, fumando cachimbo e lendo: - Você ainda está aí! Você não escutou o que eu disse? Está brincando de esconde-esconde ou o quê?

Bastian, apontando para os livros: - Não, eu só queria...

- A locadora fica na próxima esquina! Aqui não tem nada que interesse a crianças da sua idade! Só livros!

- Eu sei o que são livros. Eu tenho 186 no meu quarto!

- Sim, quadrinhos, eu sei! - o livreiro abana o ar em sinal de desdém e volta-se para o livro que está lendo.

- Não! "O Último Moicano", "Old Surehand", "Winnetou 1, 2, 3", "Robinson Crusoe", "Die Schatzinsel", "20 Mil Léguas Submarinas"... [nota do tradutor (no caso, eu): alguns títulos não consegui traduzir!]

- Hum... Venha cá! - o livreiro muda de atitude. - De quem você está fugindo?

E o diálogo segue por aí, até o velho apresentar o tal livro "História Sem Fim" para o menino. O resto não interessa mais para os propósitos deste blog.

Enfim, sobre esse trecho, eu fiquei pensando em que posição complicada e dúbia ficam todos aqueles que se dispõem a lidar com quadrinhos de maneira séria. Quer dizer, por um lado, quadrinhos são vistos como mais uma dessas bobagens que têm por aí, nada muito importante. Por outro, numa visão mais evoluída, é uma linguagem madura que pode ser usada para fazer obras-primas, e também um instrumento pedagógico, por conjugar texto e imagem. Quer dizer, quadrinhos podem ser vistos de dois modos completamente diferentes, conforme a visão. Numa, ele é a última bolachinha do pacote. Na outra, algo para pisar em cima. Complicado, não? E como fica quem trabalha com quadrinhos? Como conciliar duas visões tão diferentes sobre o próprio trabalho?

Bem, ainda não encontrei resposta, mas achei interessante pensar em como seria essa cena, se fosse feita num pensamento quadrinisticamente correto: o menino Bastian, fugindo de garotos que o perseguem, vai parar numa loja especializada em quadrinhos. A conversa que ele trava com o dono da loja é mais ou menos assim:

Dono da loja: - Vai embora! Eu não posso com crianças! - Bastian caminha em direção ao homem, que está sentado na poltrona, mexendo no piercing e lendo: - Você ainda está aí! Você não escutou o que eu disse? Está brincando de esconde-esconde ou o quê?

Bastian, apontando para os quadrinhos nas estantes: - Não, eu só queria...

- A banca de jornal fica na próxima esquina! Aqui não tem nada que interesse a crianças da sua idade! Só obras-primas dos quadrinhos!

- Eu sei o que são quadrinhos. Eu tenho 186 no meu quarto!

- Sim, gibis, eu sei! De super-herói! Aqui só tem quadrinhos de alto nível! - o dono da loja abana o ar em sinal de desdém e volta a ler.

- Não! "Maus", "Palestina", "Calvin & Haroldo", "Persépolis", "Mafalda"...

- Hum... Venha cá! - o homem muda de atitude. - De quem você está fugindo?

E o diálogo segue por aí, até o velho apresentar ao menino o tal livro "História Sem Fim", uma obra em quadrinhos de cair o queixo.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Não está morto quem peleia

Faz algum tempinho que acompanho à distância o crescimento de um novo nome do quadrinho nacional. Quer dizer, novo para mim, o que é até curioso, pois Daniel Pereira dos Santos vive em Santa Maria-RS, cidade onde por seis anos morei (como nunca nos encontramos?), e que é a base a partir da qual ele dá vôos mais altos. Vale registrar, por exemplo, que no sábado Daniel estará lançando "Muertos" na HQ Mix Livraria, em São Paulo.

Dê uma olhada no trabalho de Daniel cutucando aqui! Por causa do seu traço, já o chamaram de "o Frank Miller santamariense".

domingo, outubro 12, 2008

Ainda sobre arte contemporânea

O cartum do post anterior, do Rafael Corrêa, pode ser analisado sob a ótica da arte contemporânea. Aproveito o gancho, então, para replicar aqui a última edição do Fiz + Sotaques, novo programa webtelevisivo da webtelevisão brasileira. Ficou realmente muito bom.



Agora o segundo bloco:



Gostaria muito de ter participado da feitura desse programa. Em todo caso, como webtelespectador, lembrei da reportagem sobre o tema que escrevi certa feita, e que me garantiu a seleção no programa Rumos Itaú Cultural de Jornalismo 2004/2005. Foi como um exercício para esse programa que o cabruuum surgiu. Acho que nunca repliquei a reportagem aqui, porque nada tem a ver com quadrinhos. Como falamos agora sobre arte contemporânea, por que não?

SANTA MARIA DAS INTERVENÇÕES URBANAS
(A arte está dentro ou fora dos museus?)

Árvores pintadas de azul, bacias amarelas espalhadas pelo campus da universidade, a frase “Aonde é que tu vaaaai?” estampada em pontos estratégicos das avenidas e ruas... decididamente, Santa Maria, município localizado no interior do Rio Grande do Sul, não é uma cidade convencional.

Uma idéia
“É típico o caso de Christo [artista francês], que envolve em plástico monumentos e até trechos de paisagem, quase recriando um estado de curiosidade em relação a fatores ambientais que haviam se tornado costumeiros e, portanto, desinteressantes.”
Giulio Carlo Argan, crítico italiano

Se você seguir as formigas desenhadas no rodapé das paredes do prédio 40 da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pode ser que encontre Rebeca Lenise Stumm. Rebeca, professora do curso de Desenho e Plástica, é sub-chefe do Departamento de Artes Visuais e orientadora do projeto Intervenções Artísticas no Espaço Comunitário – Laboratório Reflexivo sobre Linguagens Contemporâneas. Mas não confunda as coisas: as formigas foram pintadas pelos estudantes de Desenho Industrial, o que confirma a tese de que o conceito de artista está sumindo; segundo Rebeca, todas as pessoas devem ser consideradas artistas.

Descendo ao subsolo do prédio, há uma sala onde, bem no centro, em meio a quadros, esculturas, restos de materiais espalhados pelo chão, jaz um armário. É daí que Rebeca retira a pasta com as fotos dos trabalhos dos seus alunos - um “rio” de lona percorrendo o campus, árvores com tiras de papel vermelho colados ao tronco, quilos de argila disponibilizados para o manuseio público em alguns setores da universidade, um rastro de sangue dentro do Centro de Artes e Letras... Trata-se de intervenções urbanas, obras de arte que modificam o ambiente em que estão inseridas, fazendo com que as pessoas que circulam por esse ambiente passem a olhá-lo com outros olhos. A intenção é fazer com que a sociedade questione a sua maneira corriqueira de agir sobre as coisas do cotidiano, fazer com que o banal se torne ponto de reflexão.

- As crianças às vezes acham que estão num parque de diversões quando vão à Bienal – comenta a professora.

De fato, apesar do sucesso alcançado junto ao público, há uma preocupação em não transformar a intervenção em mero entretenimento, inclusive na produção. Pois Rebeca diz que é a intenção do autor que diferencia o bom do mau artista. Além do mais, não há uma preocupação maior com o acabamento da obra, já que esta acaba falando sobre o próprio processo de fazê-la. O que conta, portanto, é o referencial teórico do trabalho.

A história do artista holandês Van Gogh, que se trancou sozinho em seu ateliê e, de propósito, cortou a própria orelha, é um exemplo citado por Rebeca do que a arte não quer mais. Nesse novo cenário da produção artística, é o trabalho em grupo que prevalece. Como na música e nas artes cênicas. A Arte Contemporânea, em si, já representaria uma busca por uma maior interação com o público. E, nesse caminho contrário à elitização da arte, as intervenções urbanas exercem papel fundamental.

Um quadro
“A arte acontece, a arte ocorre, isto é, a arte... é um pequeno milagre.”
Jorge Luis Borges, escritor argentino

- Estamos na terra de ninguém! – desabafa Alfonso Benetti, coordenador do curso de Desenho e Plástica.

A sua visão justifica-se assim: já não se sabe mais o que é retrógrado e o que é vanguarda. Há uma busca pela novidade, acima da qualidade. Hoje em dia, arte é aquilo que é declarado como tal, e ponto final.

Sentado numa cadeira do seu ateliê, as pernas cruzadas, as mãos mexendo num rolo de fita adesiva, os olhos em nenhum momento fitando o interlocutor, Alfonso revela sua opinião sobre intervenções urbanas: em resumo, uma arte “inócua” e “pífia”. Por quê? Ora, porque a sensação de estranhamento, típica das intervenções, é esgotada ao primeiro olhar; após isso, a obra não suscita divagações mais profundas. Não há permanência: as obras se destroem logo após serem construídas, tornando-se materialmente “descartáveis”. Assim, as intervenções urbanas acabam tendo, ironicamente, um papel alienador.

Alfonso estabelece uma ligação com a mídia: ela mostra o que choca ou é visualmente atraente e, assim, as intervenções urbanas preenchem espaço; no sentido oposto, essas acabam ganhando legitimidade como obras de arte ao aparecerem na mídia. A própria sensação de estranhamento seria uma idéia bem típica da indústria cultural em que se transformou a sociedade contemporânea, querendo atrair a atenção das pessoas para qualquer coisa, fazer alarde sobre tudo. O professor também enxerga uma concorrência entre as intervenções urbanas e a publicidade na busca pela sensação de estranhamento, dando origem a uma espécie de guerra visual nos espaços urbanos.

Para Alfonso, a relação do interventor urbano com seu público é “cínica”: na maioria dos casos, o primeiro não sabe o que está dizendo, é simplesmente discurso em cima do vazio; o segundo, que já não está familiarizado com a linguagem da arte tradicional, vê-se mais perdido ainda com essa nova linguagem das intervenções urbanas. Assim, Alfonso vai contra a idéia de que a Arte Contemporânea proporciona uma aproximação com o público. Além do mais, o estranhamento pode ser entendido como uma brincadeira com o sentimento das pessoas, o que, segundo Alfonso, não justifica o trabalho artístico. Para ele, a arte não é deboche.

O professor Alfonso trabalha com pintura há trinta anos. E o que é arte para ele, então? Bem, um pedaço da sua resposta está nas idéias do filósofo alemão Friedrich Nietzsche: a arte é um afago, um carinho para o homem. Tem de ser humana, ter vitalidade, passar a presença viva do artista na obra, não pode ser mera técnica. Mas a arte não pode lidar com protesto, então? Aí é que entra o outro pedaço. Segundo Alfonso, pode sim, mas tem que haver sempre uma proposta, uma esperança, uma redenção. Não pode somente botar mais sujeira no mundo, que disso o mundo já está cheio.

Outra idéia
“Em resumo, ficou demonstrado que nenhum homem pode sentar-se a escrever sem uma profundíssima intenção.”
Edgar Allan Poe, escritor norte-americano

Uma repartição de vidro separa Tetê Barachini de seu ateliê. E é assim que a professora tem um pequeno escritório à sua disposição, com poltronas, cadeiras, um armário, uma escrivaninha, livros... e um computador, de onde se pode acessar o site do projeto Deusa Morna, que Tetê orienta. Enquanto as imagens das intervenções urbanas produzidas pelos seus orientandos enchem a tela, a professora fala de uma palestra que o grupo promoveu: um estranho texto sobre o amarelo foi lido para uma platéia que, devido à disposição caótica das cadeiras, não ficava voltada para o palco; ao mesmo tempo, câmeras filmavam a movimentação fora do edifício e as imagens eram passadas num telão; além disso, o interior do anfiteatro era iluminado por pontos de luz dispostos de maneira aleatória. A palestra acabou se tornando, assim, uma nova intervenção urbana.

Surge a primeira pergunta: essa não acaba se tornando uma arte fácil de se fazer? Tetê responde com outra pergunta: quem disse que a arte tem que ser difícil? E questiona a visão religiosa da arte como algo que requer silêncio e seriedade para apreciação, defendendo que o entretenimento pode estar presente tanto na sua fruição quanto na sua produção. O que não exclui a necessidade da existência do artista; são eles que têm o domínio dessa linguagem da arte, portanto, são os únicos aptos a produzir intervenções urbanas que não causem apenas um choque, um susto, mas que proporcionem uma pausa na vida urbana, com o intuito de colocar as coisas em novos lugares.

E depois desse estranhamento, o que sobra? Nada. Pois Tetê diz que é proposital deixar as obras inacabadas. Neste mundo rápido e dinâmico, não há tempo para detalhismo: o que importa é o discurso. Os interventores urbanos querem apenas provocar desconforto. Não se busca a permanência dessa sensação. Os trabalhos são construídos para serem fugazes mesmo. O papel do artista, então, é estar sempre buscando novas maneiras de provocar a sensação de estranhamento.

- Nós não somos artistas de rua, mas sim artistas indo para a rua – esclarece Tetê.

E isso não significa somente uma aproximação com o público. Segundo a professora, o movimento é uma tentativa de popularizar a discussão sobre arte, sem entrar em questões mercadológicas. Até porque não há espaço para todos os artistas exporem nos museus.

A professora Tetê faz questão de ressaltar que as intervenções urbanas não são feitas para pequenas comunidades. É, sim, um movimento criado para e a partir do mundo urbano. E como se lida com a diversidade de culturas desse público tão heterogêneo que são os habitantes das cidades? Tetê diz que é através do universal. Trata-se de uma nova linguagem, diferente da usada na arte tradicional. O espectador é diferente, a arte também. Segundo Tetê, as intervenções urbanas representam uma nova postura perante o mundo. Em outras palavras, trata-se de uma arte do nosso tempo.

Uma conclusão?
“Toda definição do fenômeno em termos gerais corre o risco de constituir uma nova contribuição àquela genericidade típica da mensagem de massa.”
Umberto Eco, crítico italiano

O leitor atento perceberá que há coincidências nas falas dos três entrevistados, mesmo quando as idéias se opõem. Contradição ou apenas pontos de vista diferentes? Talvez uma demonstração de que a diversidade cultural deve ser pensada não só em termos de fruição, mas também de produção da obra de arte. Pode ser uma questão de gostos e de atitudes, tanto do artista quanto do público.

E então, a arte está dentro ou fora dos museus? Para essa pergunta não há uma só resposta. O debate em torno da Arte Contemporânea é muito amplo. Por outro lado, ele só é possível graças a discussões como a do curso de Desenho e Plástica da UFSM. No fim, é um debate entre indivíduos (e suas idéias). Portanto, cabe agora ao leitor tirar suas próprias conclusões.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Falando em acesso...

Não lembro se eu já havia publicado aqui este cartum do Rafael Corrêa. Em todo caso, não é demais re-publicar. Sempre que encontro o cartum no meu computador, faço uma nova reflexão a partir dele. Portanto, vale a pena ver de novo! O título é "Acesso à cultura".


Em tempo: o Rafael tem uma série muito boa chamada Sapatiras. É surpreendente a criatividade e os diálogos inteligentes que ele consegue fazer usando calçados como personagens. Isso mesmo, calçados!

Veja por si mesmo visitando o blog do Rafael. Cutuque aqui!

Post para reforçar a marca

O Marcelo Engster, publicitário e dono do blog Quadrinhólatra, mandou uma página do "Manual do Super-Herói" em que aparece a onomatopéia que também é marca deste humilde blog. Ei-la:



Ainda não tive acesso ao "Manual", embora o Marcelo tenha me passado o link. Cutuque aqui para ler!



O "Manual do Super-Herói" é voltado para o público infantil, como o Marcelo bem comentou. Mas o que um criança pode ler que um adulto também não pode? Dentro de cada adulto tem uma criança. Nós crescemos que nem cebola, de dentro para fora, e nosso corpo de adulto é a casca.

Ai, ai... É o que dá conviver com crianças na Alemanha.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Não é quadrinhos...

De vez em quando, vale a pena fugir à regra de só falar sobre quadrinhos aqui. Pois escrevi uma reportagem sobre a família com quem estou morando na Alemanha, e quero que você leia. A matéria foi para a revista Continuum, do Itaú Cultural, e começa assim:

"Na Alemanha, um pouquinho de Brasil, iá, iá...
Em Haselünne, pequena cidade no norte da Alemanha, uma família multicultural vive diariamente a experiência de intercâmbio

Por Augusto Paim

No dia 17 de outubro de 2003, início da tarde, a alemã Christine Hoffmeister chegou ao abrigo Tia Júlia, em Fortaleza, Ceará. Trazia consigo a carta autorizando a adoção do menino José Iládio da Silva Rodrigues. Havia já seis anos que Christine esperava por essa decisão judicial, e agora a tinha em mãos. Não conseguiu nem almoçar, de ansiedade.

Na porta do abrigo, a assistente social pegou a carta, leu e falou: 'Não pode ser. Aqui diz que é para você adotar o Iládio. Ele tem um irmão!'. Christine não sabia. Iládio, de 6 anos, foi escolhido para adoção porque era o primeiro da lista de espera. A assistente social fez Christine entrar. Lá dentro, mostrou a carta a outras funcionárias do abrigo. Todas ficaram surpresas. Diziam: 'Vão separar os irmãos.'

Christine foi levada para a sala onde se faz o contato inicial entre os pais adotivos e a criança. Iládio entrou. A assistente social fez a apresentação: 'Iládio, agora você tem uma nova mãe. Ela vem da Alemanha'. O menino sentou-se no colo de Christine. A nova mãe disse: 'Eu aprendi português para falar com você'.

As pessoas na sala discutiam sobre o problema do irmão. Christine entrou no assunto e não percebeu quando Iládio, pequeno e magro, saiu de seu colo. Em instantes, porém, voltou, trazendo pela mão outro menino, ainda menor. Os dois foram até Christine.

'Benedito', disse Iládio para o irmão, 'essa é nossa nova mãe.'"

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