segunda-feira, novembro 24, 2008

Cabruuum, ano 4

E eis que o cabruuum completou, na última sexta-feira, 3 anos de idade. É um bebê ainda, mas já fala, e fala sobre quadrinhos.

(Se bem que, no padrão blogueiro, 3 anos é no mínimo juventude.)

Para comemorar a data, que para mim é realmente muito importante (eu nem precisaria dizer isso, mas agora já disse e não vou apagar o que escrevi, é mais fácil continuar escrevendo sempre pra frente, pra frente, pra frente...), publico aqui um texto da Babi Borghese, do Itaú Cultural, em homenagem ao cabruuum e a outros cinco blogs contemporâneos. Sim, pois este humilde blog surgiu em decorrência do programa Rumos, do Itaú Cultural, como atividade final do Laboratório Multimídia de Jornalismo Cultural, em novembro de 2005. Participei do programa com mais 13 (na época) estudantes de outros estados brasileiros. Dos quatorze blogs, restaram hoje seis.

Bem, após a contextualização, segue o texto.

Ah, antes o link para o primeiro post do cabruuum. Saudosismo em doses homeopáticas não faz mal a ninguém.

Agora sim, o texto da Babi!

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Ano passado, logo depois de comemorarmos dois anos desses quatro blogs (se você quiser saber quais são os outros três, parafraseando o Augusto, cutuca aqui, aqui e aqui), o Rumos Jornalismo Cultural, padrinho de todos, reunia na sede do Itaú Cultural em São Paulo os 14 selecionados da primeira edição (2004-2005) e os 17 da segunda (2007-2008). Eu não via os antigos rumeiros há meses e a alegria do encontro se traduziu num imenso abraço coletivo, bem na frente da nova rumaria, que olhava aquela explosão de saudade e carinho num misto de surpresa e admiração.

Cada um mata a saudade como pode. Como não posso abraçá-los a toda hora, procuro cutucar sempre os quatro blogs para lembrar do Anderson (que foi mudando seu artorpedo aos pouquinhos e hoje tá mais pra poesia do que pras gadgets do milênio), do Augusto (quem faz ou gosta de quadrinhos tem que acompanhar o cabruuum), da Elisa (que começou publicando seus poemas e hoje abre espaço no caliope pros colegas, especialmente os ibero-americanos) e do Leandro (que ao se mudar de Aracaju deixou de pegar no pé da imprensa sergipana pra falar do jornalismo cultural em geral no mascandocliche, muita coisa assinada por ele mesmo na Rede Minas, diga-se de passagem).

E agora também posso cutucar o
blog da Ludmila, reativado depois de uma pausa pra balanço, quase sem mudanças – o oraboa continua a tratar de música boa - e o novo blog da Júlia, que não é o que nasceu no Rumos, mas de qualquer forma, a vontade de blogar começou ali, então... continua valendo. E além disso, suas mini-crônicas do cotidiano de Beagá é uma delícia de tutumineiro!

É minha forma de lembrar deles, de sentir que estamos perto ainda que distantes (viva a internet!). E com isso, acabo lembrando dos outros oito, porque são todos uns queridos...

A exemplo da primeira geração de jornalistas que recebeu apoio do Itaú Cultural, certamente a segunda não vai decepcionar e novos projetos sairão dessa experiência. Ainda não sei o que vai ser dos 17, mas só espero uma coisa: que o abraço coletivo que darei ao encontrá-los vire uma tradição e se torne um símbolo da união de todos os selecionados no Rumos Jornalismo Cultural de todas as edições.

Que no ano que vem, ao celebrar mais um aniversário desses seis blogs, os recém-contemplados na edição 2009/2010 possam presenciar mais um abraço coletivo dos que terminaram a jornada. E em 2011, 2013, 2015... e que a gente tenha muitos novos blogs, sites, artigos, livros e o que mais vier pra comemorar!

Babi Borghese


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Obrigado, Babi. Obrigado a quem me lê.

Obrigado, cabruuum!

domingo, novembro 23, 2008

Comics für Einsteiger

Nos últiimos três meses, desde que eu vim parar na Alemanha, tenho atualizado este humilde blog bem menos do que eu gostaria. Isso em vésperas de o blog completar 3 anos!

Mas não é omissão da minha parte. Sigo trabalhando com quadrinhos por aqui, procurando novidades, tocando projetos ligados a quadrinhos, falando sobre quadrinhos. O que eu descubro não vem parar logo no cabruuum porém por dois motivos. Primeiro, porque estou sem acesso à internet em casa, o que torna atualizações mais complicadas, na medida em que quando entro na internet numa lan tenho muito trabalho para pôr em dia e pouca grana para pôr na máquina. O segundo motivo, bem mais convincente, é que o material ao qual estou tendo acesso é em alemão. Minha cabeça precisa de um certo tempo para processá-lo.

Enfim, hoje tem coisa nova. A funcionária da biblioteca pública de Haselünne realmente gostou de mim. Veio me trazer do acervo três livros que ensinam a fazer quadrinhos. Antes de ela voltar com eles, pensei que ao menos um seria tradução de algum trabalho clássico da área, mas os três eram inéditos para mim. Ei os livros:


Dou as eferências bibliográficas corretas:

"Karikaturen zeichnen für Einsteiger" ("Desenhando caricaturas para principiantes"), de Walter Halbinger. Editora Augustus (não é parente), 1998. Impresso em Augsburg, Alemanha.

"Comic-Zeichnen für Einsteiger" ("Desenhando quadrinhos para iniciantes"), de Bernd Natke. Editora Augustus (não é parente mesmo, juro), 1998. Impresso em Augsburg, Alemanha.

"Comiczeichnen leichtgemacht: Helden und Schurken" ("Desenhando quadrinhos fácil: heróis e violões"), de Christopher Hart. Editora Benedikt Taschen, 1998. Impresso em Köln, Alemanha.

Todos os três livros, em folheadas atentas, me pareceram bons, embora o segundo seja mais completo. Se você deseja fazer o quase impossível - aprender a falar alemão e a desenhar ao mesmo tempo - pode começar com esses aí.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Guerra por um exemplar

Taí uma obra que eu gostaria de ter em mãos neste exato momento, para poder escrever aqui com profundidade sobre ela.


As coisas acontecem, porém, quando você não mais lá está.

Fica um humilde link de consolação.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Chibata

Esta quem me passou foi o amigo Beto Frizero, do Locutório:



"Olinto Gadelha Neto e Hemeterio lançam Chibata!
por Pedro Brandt, do Correio Braziliense

No começo do século passado, a vida na Marinha brasileira era especialmente difícil para os marujos. Por mais que a Proclamação da República tivesse abolido os castigos físicos na instituição, apenas um ano depois as punições voltaram a ser oficializadas. As faltas, dependendo do caso, eram punidas com dias na solitária e chibatadas (que poderiam chegar a 25). Para piorar, o que se via na prática era muito mais que punições visando domar a índole dos subalternos – a chibata era usada por qualquer motivo. Quem mais sofria eram os marujos negros – ou seja, a maioria nas embarcações. Inconformados com a situação – maus-tratos, soldo irrisório e rações estragadas – um grupo de marujos e oficiais de baixa patente começou a se organizar no que ficou conhecido como a Revolta da Chibata. O episódio, que até algumas décadas era um assunto tabu, inspirou a história em quadrinhos Chibata!, da dupla cearense Olinto Gadelha Neto e Hemeterio."

[leia mais]

No email do Beto, ainda havia esta pequena entrevista com um dos autores:

"Três perguntas para - Olinto Gadelha Neto
Como foi a pesquisa para a obra?

Pesquisa, roteiro e desenhos levaram dois anos. A pesquisa foi feita usando um vasto leque de materiais, especialmente livros. Alguns, como a 'bíblia' do assunto, A revolta da chibata, de Edmar Morel, se tornaram referência constante. Era preciso, aqui e ali, consultar livros mais genéricos sobre a história brasileira da época para pinçar um detalhe ou outro. A realização do roteiro deve muito à Biblioteca Pública Menezes Pimentel, aqui de Fortaleza. Eventualmente, uma viagem ao Rio de Janeiro, cenário do livro, selou a pesquisa e ajudou a pôr em ordem a geografia de cenas e o encaixe de certas passagens.

Alguma informação foi mais difícil de encontrar?

É preciso não esquecer que parte do enredo do livro é ficção, tanto para adicionar tempero, como para completar severas lacunas que existem na história de João Cândido. Não há registro documental de certos períodos da sua vida, apenas alguns fatos, datas, nomes de lugares onde viveu. A infância de João Cândido, por exemplo. O que fiz foi adequar essas partes dramatizadas ao todo da história. Então, ficção une-se aos fatos, retratados logo em seguida, fechando a saga. Um personagem, assim, épico não surge pronto como herói. É preciso entendê-lo, dar sentido a sua vida e a sua luta, saber de onde vêm suas motivações e como surgiu o instinto para a liderança.

Você inseriu diversas personalidades brasileiras na história. Isso foi uma liberdade artística ou elas realmente tiveram esse envolvimento?
Na verdade, foram ambos. Oswald de Andrade, por exemplo, foi testemunha dos eventos da revolta, tendo escrito um pequeno (e bastante cômico) depoimento sobre a noite em que os marujos se amotinaram. Aparício Torelly, o Barão de Itararé, também foi parte tangencial dessa história. Ao publicar duas reportagens sobre a revolta, foi recolhido na porta do jornal, conduzido à força por homens da Marinha que o espancaram e o soltaram nu, no meio da rua. Conseguiram, assim, suspender a série de reportagens investigativas sobre os fatos (seriam dez) e provocaram no impagável Barão a criação da placa 'entre sem bater.'"

quarta-feira, novembro 05, 2008

Cinema e quadrinhos, duas linguagens justapostas

A edição deste mês da revista Continuum, do Itaú Cultural, traz uma ilustração do Eloar Guazzelli envolvendo story board. O tema da edição é a relação do cinema com a vida.

Cutuque aqui para ver o trabalho.

É para refletir sobre as diferenças e semelhanças entre essas duas linguagens.

Teorizando em alemão

Estou muito contente com a minha mais nova aquisição em matéria de quadrinhos, o livro: "Comics-Handbuch: für Eltern, Lehrer, Erzieher". Este aí na foto.


Trata-se de uma coletânea de artigos organizados por H. Jürgen Kagelmann e voltados para pais, professores e educadores que querem trabalhar com quadrinhos no processo pedagógico. Sei que se trata disso por causa do subtítulo. O resto do livro não entendi mais nada, apesar de ter me surpreendido com a vasta referência bibliográfica nas últimas páginas, obras que eu realmente desconheço.

O importante é que paguei só 50 centavos por um livro que promete. Promete para daqui uns dez anos, quando eu finalmente dominar o idioma alemão (no momento, é ele que me domina). A barganha se deu porque visito semanalmente a biblioteca pública da cidade à procura de clássicos da literatura alemã e obras de quadrinhos em geral. Tem um saldão permanente lá, com livros bem conservados e muito baratos. Falei para a bibliotecária que escrevo sobre quadrinhos, ela se interessou e agora começou a guardar o que chega lá sobre isso. Foi então que o Comics Handbuch veio parar em minhas mãos. Já comprei vários outros livros de quadrinhos, que vou divulgando por aqui aos poucos, à medida que for lendo. Sim, porque o fato de aliar texto e imagens auxilia na compreensão, então posso ler.

Agora, um livro teórico sobre quadrinhos... Eu e você vamos ter de esperar mais um pouco.

sábado, novembro 01, 2008

Quadrinhos e a vida...

Me parece que quem critica alguma coisa, seja quadrinhos, literatura, música ou o que quer que seja, às vezes reflete mais sobre a obra e mesmo sobre a relação da obra com o mundo do que o próprio autor. Naturalmente, falo dos bons críticos, os que não se atém apenas a questões técnicas e não temem expor sua visão de mundo. Pois eu gosto da visão de mundo desta crítica de Carlos Ferreira, feita a partir de quadrinhos que ainda não tive acesso. Aliás, não chamo atenção para a obra à que a crítica se dirige, mas sim para a reflexão que surge a partir dessa obra. Afinal, o que é importante: seguir o mercado ou seguir a si mesmo? Onde está o conteúdo que pode nos tornar original? Por que ser original? Só por ser? O que queremos com nosso trabalho? O que queremos com nossa vida?

No que tange a essas questões, posso dizer que o texto do Carlos Ferreira me bateu fundo.