domingo, janeiro 29, 2006

Um labirinto de links pra compensar os posts atrasados

Em primeiro lugar, desculpa! Fiquei esses dias todos sem postar pois estava sem computador e, depois, sem energia. Não elétrica. Energia pra escrever no blog, mesmo. Em outras palavras, preguiça!

Mas, enfim, adepto do ócio criativo, aproveitei esse tempo pra assistir uma porção de filmes e, assim, achar uma porção de assuntos pra discutir aqui no Cabruuum!!!!! Eis o primeiro:

Ontem à noite assisti Sin City. O filme lembra as obras do Quentin Tarantino, o cineasta que fez Pulp Fiction e Kill Bill, só pra dar umas referências. Não é à toa a semelhança: o Tarantino participou da feitura de Sin City, ao lado do diretor Robert Rodriguez e do autor da obra que originou o filme, o quadrinista Frank Miller.



[a capa do livro]

Bem, não vou entrar em detalhes . Aqui tem um link pro site Azul Calcinha, que já tem isso prontinho. Ah, se sobrar um tempo, depois de ler a resenha de Sin City, visite a seção de HQs do site. Além de ter um belo nome, o site também tem conteúdo!

Bem, voltando ao filme. Desde já, mesmo com vergonha na cara, digo que não li as histórias em quadrinhos. Que diabos está fazendo esse louco aqui, então, querendo falar sobre Sin City?, você pode reclamar. Bem, jornalisticamente e como na cena da morte do Jackie Boy, personagem do filme e da HQ, saio pela culatra e boto alguém pra falar por mim.

Quem?

Luciana de Almeida Pereira Jordão, mestre em Artes – ênfase em Imagem e Som - pela UFMG, e Mônica Fontana, doutoranda em Letras pela UFPE. As duas escreveram o artigo
O Pecado de Sin City - Adaptação dos Quadrinhos para o Cinema, apresentado no XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Rio de Janeiro, setembro de 2005).

Veja um trecho do texto:

"(...) alguns filmes se apropriam dos personagens de HQ sem, no entanto, propor uma aproximação de linguagens. Este é o caso de Homem-Aranha (2002), blockbuster recordista em bilheteria que empregou a narrativa cinematográfica clássica, ampliada por efeitos especiais de última geração, para criar uma verossimilhança sem precedentes. Assim, ao fazer Peter Parker voar pelos céus de Nova Iorque lançando suas teias, sem recursos narrativos que se interpusessem entre o meio e o espectador, o filme criou um efeito de máxima catarse, o que afeta diretamente o público de cinema, muito maior que aquele aficionado em quadrinhos e cultura pop em geral. Cumprem-se assim as estratégias mercadológicas do cinema industrial, cujos objetivos e compromissos financeiros estão acima dos artísticos.

Esta, no entanto, não é a estratégia de todas as adaptações de HQ, e Sin City (2005) optou por incorporar a metalinguagem à sua narrativa para remeter o espectador diretamente ao universo dos livros de Miller. Tal escolha cria uma interposição entre a obra e seu público, o que confere ao filme um menor potencial de bilheteria do que o citado Homem-Aranha e um perfil de independente, reforçado pela escolha de Robert Rodriguez como co-diretor."

E mais este trecho, pra quem manja do linguajar:

"(...) uma das principais interseções de fidelidade entre os dois meios é o uso da silhueta. Em diversos momentos a computação gráfica altera a fotografia de forma a transportar as imagens impressas nos livros para a tela, literalmente. Isto é reforçado por enquadramentos, figurino e postura dos atores, mas como o meio fílmico tem suas peculiaridades, se torna mais óbvio quando a cena é silhuetada. Como na HQ, na cena em que o coiote devora Kevin, sendo assistido pelo impassível Marv a fumar um cigarro, o que se vê são os contornos brancos dos personagens sobre um fundo escuro. Dramaticamente esta é uma solução que ameniza a violência da ação.




[a tal cena]

Este recurso ressurge ao longo do filme, inclusive para destacar elementos menos visíveis, mas que remetem o espectador ao desenho original. É desta forma que os colares e brincos de Becky são evidenciados, numa conexão com o desenho de Miller, onde os adereços estão em contraste com o apagamento de seu rosto, coberto pela sombra de um negrume absoluto. Esta é a apresentação da personagem que irá trair as companheiras deixando o domínio de Old Town em perigo."

Segue o baile do ctrl C + ctrl V:

"Enquanto a estética atinge neste aspecto a fidelidade à HQ, na montagem, o ritmo é perdido. Através da superposição de quadros e da irregularidade de tamanho, formato e posição na página, a graphic novel alcança uma cadência entrecortada e ágil. Traduzir para imagens em movimento seria criar uma edição dinâmica de planos curtos e rápidos. Porém, Rodriguez e Miller optam por planos longos desacelerados pelos movimentos de câmera que demandam tempo para se completar. Isto contradiz a citada afirmação encontrada no site oficial de que a adaptação não apresentaria nenhuma perda neste sentido."

E, ufa!, pra terminar:

"A versão cinematográfica promove ainda uma alteração estrutural na direção de arte que é a inclusão de cores para destacar certos elementos da imagem. Na seqüência de Marv e Goldie, a cama é vermelha, enfatizando o sentimento de paixão, e Goldie tem os cabelos loiros, numa conexão direta com seu nome. Ao longo do filme surgem olhos, lábios, carros e luzes coloridas que se destacam na fotografia P&B. Como era de se esperar, já que se trata de uma história passada na violenta Basin City, há sangue escorrendo praticamente o tempo todo. E é sobre esse elemento que a cor exerce um papel fundamental de ampliação dramática. Em algumas cenas o sangue jorra em P&B, mas em outras, como no momento em que Marv mata dois homens nos fundos do Kadie´s, ele é silhuetado ao ser recortado em branco. Há um forte contraste do branco em oposição à escuridão do beco sujo onde a ação transcorre. Mas é com o auxílio da cor que a ênfase fica mais evidente. Em That Yellow Bastard, quando Hartigan e Nancy perseguem Roark Jr. até a fazenda, acontece um acidente, e nos destroços, o herói percebe que tem sangue em suas mãos. Este indício confirma que seu opositor havia escapado, mas ferido, pois o líquido gosmento de repulsivo cheiro de carne podre, é amarelo. Tal opção estética cria maior intensidade dramática ao filme, mas representa uma ruptura com a proposta da série em quadrinhos."


[exemplo da adaptação. Em cima, quadro do quadrinho Sin City. Embaixo, a mesma cena, no filme]


As autoras não encerram o artigo com chave de ouro. O que, no fim, é até melhor. Pois a porta é pra ficar aberta mesma, pra entrarem os debates. Olha só, que legal, portanto:

"Este posicionamento inflexível não se sustenta diante da inesgotável discussão sobre a impossibilidade de conformação completa de uma linguagem a partir de outra, já que cada uma delas possui suas especificidades intrínsecas. Na verdade, questiona-se a pretensa busca por esta transposição integral que partiu da própria produção, ao afirmar que os elementos narrativos da HQ Sin City foram “pasted of” para as telas do cinema. As lacunas verificadas nesta adaptação não invalidam suas qualidades como obra autônoma, que levou ao limite o diálogo com os quadrinhos."

Bem, o artigo é grande, teria mais coisas pra trazer até aqui. Mas você tem o e-mail das autoras lá em cima, é só cutucar com o mouse sobre o nome delas e iniciar uma discussão.

Bom. É isso. Boas leituras, assistidas e cutucões no mouse!

domingo, janeiro 22, 2006

Quadrinhos por toda parte, devo estar ficando louco!

Este fim de semana foi verdadeiramente quadrinístico. A começar, sexta-feira, em minha peregrinação em busca de parcerias para a distribuição da revista Mosh! em Santa Maria, fui parar em uma porção de lugares onde se vende revistas de quadrinhos. Depois de inúmeras tentações, não resisti e acabei comprando a edição especial encadernada de Homem-Aranha: Azul, de Jeph Loeb e Tim Sale. A história fala do famoso e até então pouco explorado relacionamento do jovem aracnídeo Peter Parker com a loira e respectiva namorada Gwen Stacy. A maioria das pessoas sabe do final: Gwen Stacy morre durante um confronto do Homem-Aranha com o Duende Verde em cima duma ponte. Anos depois, Peter Parker casa com Mary Jane, que aparece algumas vezes em Azul.

Bem, nos filmes do Homem-Aranha, essa parte importante da história do Aranha é distorcida. O confronto da ponte é protagonizado por Mary Jane, e não Gwen Stacy. E, logicamente, o final passa a ser feliz, já que Mary Jane não pode morrer na ponte, como aconteceu com a Gwen. Senão não rolaria o Homem-Aranha 2.

Mas, enfim, o que me chamou a atenção ao reler Homem-Aranha após uns tantos anos foi a ironia do herói, geralmente passada durante situações de vida ou morte com algum supervilão, mas também neste ótimo trecho, que fala da Gwen: "(...) uma pessoa tão importante pra mim que eu pretendia passar o resto da vida com ela. Nunca imaginei que o destino levaria só ela a passar o resto da vida comigo."

***

Fiquei tão motivado com o lance dos quadrinhos, que aluguei o dvd Batman Begins. O filme conta o momento em que Bruce Wayne se torna o homem-morcego, numa trama baseada mais em elementos de psicologia do que pirotecnia. Como nessa frase, que ouvi e anotei: "Não é o que eu sou por dentro e sim o que eu faço que me define."






***

E hoje, domingo, em Passo Fundo (RS), vi minha priminha de 11 anos jogando na internet no site do Garfield. Os joguinhos são bacanas e você ainda pode, se tiver paciência para fazer cadastros, entrar na seção de Comics e acessar as tirinhas do famoso gato amarelo-marrom. Também tem o site do filme do Garfield, que você acha cutucando com o mouse na figura aí do lado.


É isso. Chega de quadrinhos este fim de semana...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

22 de agosto de 2083

- Augustinho Neto, tu vai ter que fazer um trabalho sobre o Gilberto Freire para daqui a duas semanas.

- Ah, professora, o Freire é um saco!

- É um saco, sim mas sem esse teu saco tu não passa na disciplina de Sociologia da Comunicação. Seja homem. Faça desse saco um prazer...!

- Bem, se a senhora diz...

- Que sorriso malicioso é esse?

- Nada não! Só minha libido!

- Augustinho, uma semana pra tu me entregar o trabalho!!! E vai ter que ler Casa Grande & Senzala!!!

- Deusolivre-me! São mais de 700 páginas! Por que a senhora não me manda ler a Bíblia!?!?

- Por que não adianta. Tu já está perdido. E não adianta debochar, também! Vai ler e pronto!

- 700 páginas! E o pior: sem desenhos...

- Ninguém mandou teu vô ter te acostumado com gibi! Vai ler Casa Grande & Senzala de cabo a rabo!

- Blé!

***

26 de agosto de 2083

- Taqui o trabalho, professora!

- Sei... Que tu tá aprontando, Augustinho?!

- A senhora é muito desconfiada. Devia ler mais a Bíblia, pra aprender a confiar no próximo!

- Augustinho Neto, seria impossível tu ler Casa Grande & Senzala e escrever sobre a obra em 4 dias!!!

- A senhora diz isso por que não conhece o baú do vô! Não sabe o que tem lá!

- Ah, vai ficar fazendo mistério, é!

- Vou, sim!

- Haja saco!!!

- Agir?! Agora, aqui na sala de aula? Sou tímido, ele não vai nem reagir!

PLAFT!

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Aplauso para Zé Cariúcho

Saiu na edição 71 da revista gaúcha Aplauso um texto tão bom que faço questão de resumir aqui. A reportagem é sobre o desenhista Renato Canini, que ilustrou as páginas do Zé Carioca por um período de cinco anos, na década de 70.

Mostrando o Canini
O cara nasceu em Paraí, na serra gaúcha, em 22 de fevereiro de 1936 (completa, portanto, 70 anos em 2006). Agora mora em Pelotas, também no Rio Grande do Sul. Diz que não gosta muito de viajar e que, por isso, fez o Zé Carioca sem nunca ter pisado no Rio de Janeiro (brinca que foi por cartão-postal!).

A trajetória de Renato Canini por si só já garante segurança no passo e no traço. Ele colaborou com o célebre O Pasquim e publicou muitos livros (olha que engraçado o título desta antologia sobre a Revolução Farroupilha, movimento liderado por Bento Gonçalves: E o Bento Levou...). Também tem uma porção de outros livros na fila para serem publicados. Inclusive saiu uma edição da série Mestres Disney com o seu trabalho (cutuque aqui!). Mas é mesmo com o Zé Carioca que Canini ficou conhecido. Internacionalmente, diga-se de passagem...

O que o gaúcho fez com o carioca
Por incrível que pareça, o Zé Carioca (uma personagem com história bem ideológica) não foi agauchado. Pelo contrário, ficou mais carioca, perdendo o antigo fraque, os sapatos e a bengala e passando a andar descalço e vestindo bermuda e camiseta na Vila Xurupita, uma favela fictícia do Rio de Janeiro. Em suma, foi abrasileirado. E com os traços do cartunista gaúcho. Segundo Renato, isso desagradou a Walt Disney, provocando seu afastamento.

Uma curiosidade: por ser um funcionário da Disney, Canini não podia assinar seus desenhos. Mas ele deu um jeito de registrar sua marca, literalmente. Se você vasculhar a obra do Zé Carioca da década de 70, certamente vai encontrar um "Sabão Canini" ou uma "Loteca Canini" despretensiosamente desenhados no cenário de algum quadro. Em outras, a assinatura é um pequeno caramujo.

Outras personagens

Renato Canini não foi autor de uma obra só. Entre suas criações, Zé Candango, um cangaceiro cearense que dava o maior pau nos heróis estrangeiros; Dr. Fraud, uma paródia da psicanálise freudiana; e Kactus Kid, um caubói ianque, que foi adaptado em duas animações (você pode ver uma delas cutucando aqui).

[à esquerda, o Kactus, óbvio. Abaixo, Dr. Fraud. Fico devendo o Zé Candango, que não consegui encontrar uma imagenzinha sequer da personagem na internet. Falha minha, vou ficar devendo essa...]

Os amigos mostram Canini
"Muita gente é especialista, mas ele é bom em tudo o que faz." (Edgar Vasques, cartunista gaúcho)

"Há uma falsa ingenuidade, uma candura das coisas simples no humor dele." (Santiago, idem)

"Sentado em sua mesinha, Canini quase ruboriza quando vem a pergunta sobre sua importância par as gerações de desenhistas de humor que se seguiram a ele. 'Pois é, eu não sei de onde vem isso. O pessoal diz: 'Olha, você me influenciou'. Mas às vezes não vejo nada parecido entre o desenho dos outros e o meu, talvez apenas um tracinho.' E essa coisa da simplicidade? 'É timidez mesmo', ele sorri." (trecho da reportagem)

A religião do cartunista
Por incrível que pareça, Canini não reza pela cartilha do eu-perco-o-amigo-mas-não-perco-a-piada. É justamente o contrário: o cara já deixou de desenhar muitas idéias suas em função do choque com valores da sua religião, o protestantismo. Tem inclusive organizado obras defendendo o criacionismo em detrimento do evolucionismo.

Feito o carreto
Bem, esse foi um breve e humilde resumo do que li. O ideal seria você se enganar com os próprios olhos. Se for o caso, ache um jeito de comprar a edição nº 71 da Aplauso no site da revista. Agora, se você não pode comprar, o que é uma pena, espero que tenha se informado um pouco pelo Cabruuum!!!!!!.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Mais uma do mesmo naipe

Essa é novamente para os taradões em e por quadrinhos. Navegando na internet, dei de cara com uma matéria do Estadão sobre desenhos eróticos. A compilagem de sites provocadores de ereção é antiga, lá do longínquo maio de 2002. Alguns links, portanto, podem não estar ativos. Em todo caso, a tentiada é livre.

Lá vai
o link!


Desenho do Milo Manara, pauta do post anterior deste blog e um dos quadrinistas citados na matéria do Estadão.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Viva o Amigo Tarado!

Já falei dele algumas vezes aqui. Aliás, dois posts atrás, quando escrevi sobre o Rapadura Açucarada, lá estava ele. Falo do Super Amigo Tarado, cuja identidade secreta, por um questão de tradição super-heróica, eu não posso revelar. Na verdade, quem faz as grandes revelações aqui é ele. Todas relativas a quadrinhos e sacanagem, numa bela fusão hentai.

Pois a última dica do Amigo Tarado me levou aos desenhos eróticos do Milo Manara (momento trilíngüe do Cabruuum!!!!!!, não por charme, mas sim por incompetência minha na tradução: saiba mais em inglês, em espanhol e/ou em italiano sobre o artista). O Milo é o responsável pela autoria de deleites visuais como este:




[juro que não estou apelando. Isso é arte!]

Sim, eu sei que você quer ver, ops, quer dizer, saber mais sobre o cara. Infelizmente, o material que encontrei na rede (entrevista e biografia) é em italiano. Mais infelizmente ainda, o Super Amigo Tarado não vai poder ajudá-lo nisso, apesar de fazer cursinho de italiano (uma dica para facilitar a identificação dos santa-marienses), pois está ocupado descobrindo hentais na internet.

Bem, você ainda pode visitar o site do Manara. Tá, de novo, só dá pra ler em inglês ou italiano. Mas acho que a essa altura do campeonato não faz muita diferença: você deve estar louco para ver os desenhos mesmo (a seção Exhibition é flor de especial, nesse sentido!), que não precisam de tradução. Viva a linguagem universal do erotismo! E dos quadrinhos!

domingo, janeiro 08, 2006

Imperdível!!!

Você vai dizer depois que for aonde eu quero que você vá: que tem isso a ver com quadrinhos? Bem, não interessa! É humor. Vale a pena se afinar rindo de vez em quando.

Então vá pra este link e, com o mouse, baixe a barra de rolagem até aparecerem as fotos da mulher nas pedras. Eheheheh. Depois me conta como foi.

No mais, o gancho com os quadrinhos até que pode ser garantido pelas ilustrações no topo da página. Mas nem precisava. As risadas valem o post.

Tira a mão daí, guri! Essa rapadura não é pra comer!

Há vários caminhos para se chegar à Roma. Também há várias maneiras para, só fazendo uma ilustração, desligar o computador (pelo teclado, pelo mouse, pela CPU ou, a mais humilhante, pelo telefone, chamando o técnico).

No meu caso, também há vários trajetos para se chegar a uma informação. O conhecimento do site que falarei daqui a pouco, por exemplo, me veio por duas rotas bem distintas. Primeiro, a oficial, registrada em cartório, com assinatura do pai e da mãe: Claudiney Ferreira, do Itaú Cultural, apresentador do programa de tevê Jogo de Idéias, me mandou um e-mail com sugestão de pauta pro blog. Depois, a via torta, informal, quase uma barraquinha no Calçadão: um amigo meio tarado me disse pelo msn: "Augusto, olha este link. Dá pra baixar um monte de quadrinhos pornô".

Enfim, eis que cheguei ao Rapadura Açucarada. Taqui o logotipo deles:

[invejinha: só eu não tenho logotipo nessa vida... ai, ai.]

Alguém atento poderá dizer: por que eu estou divulgando um trabalho que, de certa forma, é semelhante ao meu? Afinal, o R.A. é cheio de resenhas de histórias em quadrinhos, coisa que, lá de vez em quando, eu também faço. Seria uma espécie de concorrente do Cabruuum!!!!!!!? Bem, pra mim não existe isso, esse negócio de competir. Afinal, não tenho chance nenhuma. Eheheheh.

Meu blog não tem fotos de mulheres peladas (que bela combinação elas fazem com os quadrinhos... se falasse também de futebol, o R.A. seria completo!), não tem tanta postagem diária nem tanto acesso e não disponibiliza obras de HQ para você baixar!

O quê?! Sim, é isso mesmo! No Rapadura Açucarada, você cutuca com o mouse na imagem da capa de algum livro ou gibi resenhado e vai parar num espaço de armazenamento que pede senha (adivinha qual é: rapadura). Aí você encontra a tal obra escaneada pra baixar, de graça.

[só pra dizer que o Cabruuum!!!!!!! também tem boas (nas) fotos!]

Aliás, dentro do Rapadura Açucarada também há vários caminhos para se chegar ao lugar que você quer ir, se o lugar que você quer ir é o espaço para downloads (dê suas cutucadas por lá que descobrirá caminhos alternativos). Mas você pode fazer que nem eu: escolher um único caminho e passar o tempo que sobra se deleitando com as fotos...

No mais, a parte mais legal do site, a que recomendo veementemente, está lá no meio: escondidinho no final de um humilde post ("E-BOOKS, HQs AND FÓRUM" é o título), entre duas fotos de gurias vestidas, achei um link pro Cabruuum!!!!!!. Ou seja, pra cá! Portanto, faça como o filho pródigo, vá pra lá e depois volte! Por favor... Eheheh.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Telequadrinhos e vestibular em quadrinhos: escolha uma opção!

Deus ajuda o seu Madruga! Não, não. Não é assim o ditado. Her... acho que é... Ah, sim! Deus ajuda quem cedo madruga!

Pois foi tentando acreditar em algum fundamento disso que cambaleei da cama até a mesa da cozinha pra tomar o café da manhã (ou da madrugada, tanto faz), às 5h45min de hoje. Não sei como não bebi o leite com o nariz, tampouco como escapei de passar margarina na mão. Muito menos, portanto, como consegui fazer a peripécia de ligar a tevê. Só sei que foi providencial, já que desse (controle-)remoto milagre veio o assunto pra este post.

Com o aparelho ligado, tive pelo menos duas surpresas. A primeira: comprovei que a existência do programa Telecurso 2000 não é um mito. Agora posso estufar o peito e dizer pra todo mundo que ele realmente existe e passa na Globo a essa hora da madruga. E que eu mesmo vi, com essa remelas que um dia a terra ainda há de comer (mesmo que mande de volta depois)! Eheheh.

A segunda e mais importante: hoje de manhã estava passando um episódio do curso de inglês. Tá, e daí?! Calma, calma... Eu tardo mas não falho.


Durante o programa, uma personagem do telecurso começou a ler uma revista em quadrinhos escrita em inglês. Folheava, e a gente ia acompanhando página por página. Isso tudo para ensinar o idioma.

Até aí, tudo bem. Acontece que o episódio desviou do assunto principal (inglês) de tal forma que a personagem ficou mais de um minuto falando das peculiaridades de histórias em quadrinhos. Coisas básicas, mas interessante. Tipo: "o que mais gosto nas histórias em quadrinhos é como elas conseguem trabalhar texto e imagem ao mesmo tempo" e "por isso os gibis podem ser uma importante ferramenta educativa" (palavras não ao pé da letra).

Nenhum gancho com o ensino de inglês especificamente. Curioso, não? Um program de televisão curtíssimo usa um grande espaço do seu horário pra falar de alguma coisa que não tem ligação direta com o que, pelo objetivo principal, teria que dizer! Só os quadrinhos pra fazer isso, não?!

***

Esta é especial pra quem vai fazer o vestibular da UFSM, entre os dias 10 e 13 de janeiro, semana que vem: se você, que nem eu, leu muito gibi quando era piá, pode ter certeza que vai cair na prova coisas que você conhece.

Hã? Como assim?

Calma, calma 2. Não tive acesso às provas do vestibular, não mesmo. Vamos à definição de histórias em quadrinhos do Scott McCloud, autor do livro Desvendando os Quadrinhos, que você vai entender: "imagens pictóricas e outras justapostas em seqüência deliberada destinadas a produzir informações e/ou a produzir uma resposta no espectador."

Portanto, segundo a definição do McCloud, isto aqui é uma história em quadrinhos:



E isto:



E mais isto:



[eheheheh]

Daí que quando topar com uma dessas na prova, se não souber a resposta, pelo menos vai ter com o que se entreter!

terça-feira, janeiro 03, 2006

Post comparando o passado e o presente, ao melhor estilo pensamento-de-reveillon

Compare estes dois desenhos (o gancho com o último post é evidente!):





Mônica e Cebolinha, personagens de Maurício de Souza, como eram desenhados antigamente, no tempo do guaraná com rolha, no tempo em que a vovó menstruava...














Mônica e Cebolinha hoje, ainda brigando...









Pois bem, você percebe uma significativa diferença na maneira como se apreende os sentidos em cada um desses desenhos? Digo, as personagens são as mesmas, o enredo também. Mas, mesmo assim, parece que a sensação que se tem ao ler muda.

(Logicamente, estou partindo do princípio de que pra mim muda. Se pra você isso não acontece, ignore o resto do post!)

No ano passado dei uma mini-palestra sobre quadrinhos num curso promovido pelo Grupo Imagem, aqui na UFSM. Durante a apresentação, enquanto falava sobre formas, usei como exemplo justamente essa diferença na produção de sentidos das histórias da Turma da Mônica em função da mudança no desenho das personagens. Faz sentido: os mais antigos são oblongos, elipsais; os de hoje são arredondados, suavizados, passam mais sensação de conforto visual. Claro, tem diferença nas cores, também, pois o avanço tecnológico permitiu o uso de mais tonalidades, como se pode ver no segundo desenho ali de cima.

Agora, tem algo que me fugiu na ocasião mas que acrescento hoje: há uma lição semiótica que prega um fundamento socio-biológico pra justificar por que a figura do círculo transmite suavidade e a as formas pontiagudas passam agressividade (o desenho antigo da Turma da Mônica é menos circular que o atual). Porém, fiquei pensando esses dias: nesse caso específico, a mudança na leitura dos sentidos se dá, principalmente, pela percepção da passagem de tempo.

Entende o que quero dizer? Você sabe que a Turma da Mônica antiga era desenhada de tal forma, e as de hoje são diferentes. Então você se depara com um desenho mais arredondado e lê sabendo que é uma história contemporânea. Ao passo que pega um desenho mais em forma de elipse e, de antemão, já têm a sensação de estar lendo algo antigo. Justamente por você já ter esse conhecimento da mudança na forma dos desenhos do Maurício de Souza com o passar do tempo.

Bem, este post é reflexivo, não conclusivo. Adoraria ter mais discussão em cima disso, receber contribuições. A minha parte, porém, encerra aqui.