quinta-feira, janeiro 28, 2010

Apanhados de surpresa

Então morreu o Salinger.

A notícia se espalha pelo twitter que nem papel picado jogado ao vento.

Ficam registrados os meus pêsames.

A respeito do fato, lembrei de uma série de três posts que fiz no cabruuum, em 2007, falando sobre adaptações para quadrinhos de "O apanhador no campo de centeio". Veja aqui, depois ali e logo após acolá.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

As "malditas" charges aquelas...

Tem notícias um pouco inusitadas que evito de replicar aqui, por dois motivos: não gosto de temas grotescos e evito ao máximo fazer um mero ctrl C + ctrl V.

Hoje, porém, fujo a regra, por se tratar de um tema pertinente e um texto bem escrito, de autoria de Paulo Nogueira, para a revista Época:

"O chargista dinamarquês que se salvou de machadadas no 'Quarto do Pânico'

KURT WESTERGAARD é um cartunista dinarmarquês de 74 anos com um certo ar de Papai Noel. A barba branca, o olhar intensamente azul, o bom humor, o sorriso fácil. Ele mora em Arhaus, a segunda maior cidade da Dinamarca, um dos países com o menor índice de criminalidade do mundo. Com tudo isso, sua casa, numa rua sem muros e com frequência sem uma única alma, tem um improvável 'Quarto do Pânico'. É um aposento para você se proteger de assaltos e agressões, e é muito mais fácil você imaginá-lo em casas de cidades brasileiras rodeadas de favelas do que na calmaria tediosa de Arhaus. Foi no entanto graças ao 'Quarto do Pânico' que Westergaard, que se movimenta apoiado numa bengala, escapou de ser morto por um somali de 28 anos no primeiro dia de 2010." [...]

Se quiser seguir lendo o texto, cutuque aqui. O importante a adiantar é que Westergaard é um dos chargistas que retratou Maomé há alguns anos, o que originou uma revolta muçulmana e movimentos de toma-lá-dá-cá de todos os lados. Lembra? Não? Pois então cutuque aqui.

O mundo é um bicho teórico


Ter um amigo com boas dicas é fundamental pra sobreviver nessa selva de livros que surgem a cada dia. No meu caso, o amigo chama-se Reuben da Cunha, que atualmente faz Mestrado em Letras na USP. Foi ele que me mandou pelo correio o livro "Breganejo Blues - uma novela trezoitão", do amigo dele Bruno Azevêdo. É o Reuben também que assina o prefácio.

Como estou com preguiça de dizer com outras palavras algo que já foi escrito e reescrito em inúmeros outros lugares, replico aqui o que o release diz sobre o assunto da obra: "Breganejo Blues é uma novela policial que mistura bangue-bangue, anúncios pitorescos, quadrinhos, música brega e histórias de corno. É sobre um taxista viciado em Tex Willer. Ele, na verdade, é um detetive que só investiga casos de maridos traídos e se formou nos cursos por correspondência do araponga brasileiro Bechara Jalkh anunciados em antigos gibis de faroeste." Para uma ideia mais completa do enredo, tem também uma resenha que saiu no Universo HQ. Mas o importante mesmo é você ter acesso à obra, que está disponível para download no site da editora Mojo Books. Senão fica uma conversa meio insossa, essa minha, se você não pode ler o livro.

O Bruno Azevêdo é autor de quadrinhos, já publicou inclusive pela aclamada revista mineira Graffiti. Em "Breganejo Blues", a ligação com quadrinhos são algumas tiras de Tex colocadas entre a prosa, porque esse é um livro de prosa. Também há outros recortes, de anúncios antigos de cursos de detetive e outras coisas estranhas publicadas em revistas. Tudo isso colocado de um modo coeso com a narrativa.

O livro é muito gostoso de ler. Não só pelo formato - as páginas privilegiam os espaços em branco e há casos mesmo em que só há uma frase na página -, mas por poder se entrever, em meio à organização do livro, que se trata de uma obra bem pensada e planejada, bem feita. Nessa linha, quatro coisas me chamaram a atenção, coisas que são consideradas atributos do bom escritor e da boa literatura:

1) o cuidado com cada frase. É evidente que Bruno Azevêdo penou bastante e trabalhou muito no livro antes de finalmente publicar (não dá pra ser ansioso e apressar essa fase, né!). Mesmo que o livro seja propositadamente escrito com "total desprezo pelo acordo ortográfico da língua portuguesa", é possível ver uma arquitetura frasista, inclusive na elaboração dos erros propositais, mas também no pensamento expresso em cada frase. Uma delas, constantemente repetida na narrativa, chega a virar um bordão: "o mundo é um bicho teórico". Enfim, essa busca da síntese é um aspecto que dá qualidade à obra.

2) a organização dos capítulos. O livro é narrado alternadamente em primeira pessoa (por monólogo interior, pelo detetive-taxista, protagonista da história) e terceira pessoa (as cenas de diálogo entre Adhaylton e Adailton que, há bem da verdade, não têm narrador, são apenas as falas). Organização pensada, planejada, preferida às demais opções de narração porque era mais lógico. Vale o registro do que Bruno Azevêdo me contou por email, sobre o processo de criação da obra: "eu sempre tenho um bocado de idéias na cabeça e executo várias ao mesmo tempo. às vezes são plots, cenas, personagens, que vão se juntando ou não pra constituir uma obra, meio que por aglutinação. o breganejo é um desses. vi que nesse ambiente do brega tinha uma história rica e fui buscando o que poderia se conectar pra fazer essa história funcionar. daí surgiu a conexão com o Tex (que é, pros quadrinhos, um 'submundo', como o brega mesmo seria). o livro levou alguns anos pra chegar no formato final, mas foi escrito em poucos meses. enquanto eu não publico um livro, não paro de trabalhar nele. inicialmente o chamava 'Sertanejo Blues' e seria narrado em 4 vozes, com um capítulo pra cada personagem; depois os diálogos da dupla seriam em quadrinhos. reli e vi que não funcionaria e mergulhei mais no universo do Tex, vestindo o livro como um gibi de bang-bang (cheguei a cogitar imprimi-lo em papel jornal) e colocando as citações do Tex não como texto, mas como quadrinho mesmo, porque se tô citando um gibi, é meio estúpido escamotear a linguagem. nesse ponto escrevi várias músicas de Adailton & Adhaylton (as letras estão no ebook) e gravei algumas. além disso, tem são luís, MA, que é a periferia da periferia. jogar essa bagunça aqui, nessa letargia da cidade é o que, pra mim, completa e dá sentido à trama."

3) o domínio do tema. Autor que não domina o tema sobre o qual escreve periga pagar mico. Não é o caso de Azevêdo, que realmente sabe sobre o que está falando. Ele desliza entre os símbolos da cultura breganeja com propriedade, usando elementos que têm a ver com a narrativa, na medida certa. O próprio Azevedo diz que "eu sou historiador e minha monografia foi sobre o que chamei de 'brega de teclado' em são luís do maranhão (brega de teclado é aquele onde um teclado de programação emula baixo e bateria, substituindo parte da banda). isso não é diretamente breganejo, mas eu acabei por estudar um bocado sobre música brasileira. depois fui pesquisar várias destas duplas pro Breganejo Blues, ouvir os discos e tentar extrapolar essa coincidência absurda de um morrer quando a dupla tá decaindo."

4) o livro passa a sensação de ter se escrito sozinho. Pois é verdade, os melhores livros são aqueles em que parece não existir autor, livros em que o trabalho de lapidação da obra por parte do escritor é tão bom, que elimina os excessos e veleidades. Em "Breganejo Blues", a prosa sedutora e envolvente foi posta na voz do personagem em primeira pessoa, ou seja, tudo que é frase e bordão interessante são ditos por personagens, não por narradores. Se fosse um narrador não-personagem falando, realmente, teria posto o resultado a perder.

No mais, fica o link para o blog do Bruno Azevêdo, para quem quiser acompanhar o trabalho e os pensamentos dele. E, para finalizar, um trecho do email do Bruno que fala sobre a parte que toca a este blog - quadrinhos. Perguntei-lhe: "qual foi tua ideia de inserir quadrinhos do Tex na narrativa? Presumo que tu seja fã, ou estou enganado?", ao que ele respondeu: "fã mesmo eu sou do ken Parker. não lia muito Tex, mas quando peguei as primeiras HQs, de Bonelli e Galep, eu pirei! esse Tex é louco, não reconhece nenhuma autoridade e resolve tudo na bala. Tex é publicado no brasil há quase 40 anos e é o que eu chamaria de literatura popular brasileira. agora pára pra pensar que o Tex educa as 'classes baixas' como o Maurício de Souza alfabetiza a 'clase média', foi com isso na cabeça que tentei imaginar como cresceria alguém que teve o Tex como formação e consumiu não só as histórias e a ética do Tex, mas a enorme quantidade de anúncios que as revistas tinham. estamos na ditadura militar e os anúncios eram principalmente de cursos profissionalizantes. esse cara acaba crescendo com idéias muito claras na cabeça."

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Post curto (mas que não cabe no twitter)

Esta semana vi dois linques interessantes ligados a quadrinho no twitter. Infelizmente, não lembro no twitter de quem, por isso não posso dar os créditos. Enfim, coisas da vida!

O primeiro link é este aqui. É pra quem usa bastante band-aid e também lê quadrinhos.

O outro link é uma matéria que saiu no jornal Zero Hora. O texto fala de diversas adaptações da obra "Alice no país das maravilhas", inclusive para quadrinhos, feitos por uma nipobrasileira. Cutuque aqui.

No mais, é isso. O cabruuum também está no twitter, por sinal. Veja!

sábado, janeiro 09, 2010

Reinhard Kleist e Johnny Cash na revista Aplauso

Saiu um texto meu sobre "Johnny Cash - uma biografia" na revista Aplauso. Cutuque aqui para saber mais.