sexta-feira, dezembro 30, 2005

Ronaldinho, o Gaúcho

Se sigo uma regra neste blog é a de evitar dar notícias factuais. Agências e jornais podem fazer isso bem melhor que eu.

Hoje, porém, não deu pra resistir. Afinal, quando vou ter a oportunidade novamente de falar de quadrinhos e futebol? E do Ronaldinho Gaúcho? O craque! Gremista, ainda por cima!

Bem, você já deve ter lido/ouvido por aí a história, mas eu repito. O Ronaldinho vai virar personagem das histórias em quadrinhos da Turma da Mônica no ano que vem (2006). Mais que isso, vai ter uma revista com seu nome. Tudo obra de outro artista, não da bola, mas do nanquim, o famoso desenhista Maurício de Souza. O Maurício passou um tempo pesquisando a vida do gaúcho pra poder fazer isso.




[que tal a personagem, hein?]



[o criador Maurício e a criatura Ronaldinho, este imortalizado em gibi]



Abaixo, alguns trechos de matérias, com os respectivos links, pra você saber mais:

* "(...) com o argumento de que histórias em quadrinhos permitem tudo, de repente, Ronaldinho, que terá 8 ou 9 anos nas histórias, poderá viajar ao futuro e aparecer no Barcelona de hoje." Yahoo! Notícias

* "A família do jogador também fará parte das histórias. A mãe, dona Miguelina, e os irmãos serão personagens. Assis, que já foi jogador e hoje cuida da carreira de Ronaldinho, será o irmão chato, que vive dizendo o que o moleque deve e não deve fazer. Deisi, que hoje é assessora do astro, será a irmã ciumenta." Estadão Online

* "O astro [do futebol] só fez uma exigência:
– O Ronaldinho é gremista, hein? Que o personagem seja gremista, hein?" Último Segundo

* "'Ele tem a combinação que precisávamos de família, personalidade, atitudes e ética, que servem de exemplo para as crianças. Queremos perpetuar Ronaldinho e seus valores. Ronaldinho tem tudo para virar um personagem histórico nos quadrinhos. É um casamento perfeito. O Ronaldinho foi escolhido por causa de sua ética e de tudo que diz respeito ao seu nome', argumentou Mauricio de Sousa." Portal Turma da Mônica

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Humor em quadrinhos

Estava quase saindo de casa, mas parei na seção Charges, do site Universo HQ, e quase me atrasei. Pra quem gosta de quadrinhos e esporte, entre outras coisas, taí uma bela dica!

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Post sujo, porém de boa índole!

Se é pra se botar fora, vamos nos botar fora mesmo!

Digo isso porque vou insistir no tema quadrinhos-subliminaridade-sacanagem. Pior: vou fazer resenha de obras que falam disso.

Primeiro, tem este aqui: Super-heróis e a filosofia. Anti-jornalisticamente, largo aqui o release que recebi:

"Depois de Matrix, Seinfeld, Star Wars, Harry Potter, A Família Soprano, Buffy - A Caça-Vampiros e Os Simpsons, chegou a vez de explorarmos o mundo dos Super-Heróis e ver o que a Filosofia tem a nos dizer a respeito desses superpoderosos. O que Aristóteles, Nietzche, Platão e Freud têm a ver com as histórias em quadrinhos? O que os super-heróis têm a ver com a filosofia? O ícone da cultura popular não é tão inocente como parece; além de divertir o leitor, a história em quadrinhos expõe de forma perspicaz questões referentes à ética e à moral, que todo ser 'normal' enfrenta no dia-a-dia. Definições de bem e mal; os limites de violência e a utilização dela como meio eficaz de combate aos vilões; definição de humanidade, justiça, amor e amizade são assuntos correntes nos quadrinhos e que agora são discutidos de forma magistral em ensaios de 16 filósofos e especialistas em quadrinhos (entre eles o roteirista Mark Waid). Por que ser um super-herói? Por que ter moral? Qual a verdadeira identidade do Homem de Aço: Superman ou Clark Kent? Como a fé católica do Demolidor o afeta no combate ao crime? Um superpoderoso pode ter amigos? Se em nosso mundo existissem pessoas assim, como você reagiria? Descubra você também o que há por trás dos músculos, das capas coloridas e das máscaras!"

Depois, tem esta coleção aqui, bem brasileira: Quadrinhos Sujos. André Dib, do Diário de Pernambuco, escreveu a respeito:

"Se você pensa que sátiras a personalidades em situações sexuais é uma novidade que veio com as montagens eletrônicas da internet, é bom dar uma olhada na coleção Quadrinhos Sujos, que acaba de chegar às lojas. Assinada pelo baiano Gonçalo Junior, que já nos deu A Guerra dos Gibis e Tentação à italiana, a compilação vem em uma caixa de quatro livretos de 96 páginas cada, e compreende o período entre os anos 30 e 50, quando os norte-americanos publicavam clandestinamente os artesanais Tihuanas-bibles, também conhecidos como dirty comics. Nessa época, era possível encontrar aventuras homossexuais do Pato Donald, ou então formando um triângulo amoroso com Minnie e Mickey. Também havia Carmem Miranda e suas bananas, Popeye e seu poderoso espinafre. Personalidades do cinema, como Ingrid Bergman, e o Gordo e o Magro, e ainda líderes e bandidos da época, como Mussolini, Hitler (torturando mulheres e acariciando homens), Al Capone e Jesse James, em situações de impublicáveis perversões. 'O leitor brasileiro é um privilegiado, porque esse material é raro e totalmente clandestino nos EUA. A tiragem era pequena, e os anônimos faziam porque o negócio era lucrativo', diz Gonçalo Junior, o responsável pela antologia. Cada livrinho tem um prefácio analítico, inclusive explicando a origem do nome Tijuana-bibles, já usado por D.H. Lawrance no fim do século 19. 'O catecismo americano', é o subtítulo anunciado na caixa que protege os livros, fazendo referência aos famosos livrinhos desenhados por Carlos Zéfiro a partir de 1950, e que serviram para a educação sexual de muitos brasileiros. A semelhança, de acordo com Gonçalo, fica somente no formato de impressão. 'Tenta-se dizer que os Tijuanas seriam os pais de Carlos Zefiro. Não é verdade. Ele criou uma sátira sobre romances em quadrinhos água com açúcar, editados no Rio de Janeiro. Ele copiava cenas descaradamente, e tentava o mesmo pretenso teor literário, adicionado do teor pornográfico. Os Tijuanas tentavam agredir os personagens famosos. Se Zéfiro tinha um propósito de excitar o público, os Tijuanas usavam o sexo para sacanear os personagens, e num contexto mais amplo, questionar uma série de valores do estilo de vida americano', ressalta o pesquisador. 'Os Tijuanas influenciaram muito mais autores como Robert Crumb, porque tem o sexo explícito e a crítica ao way of life americano', opina. Ele inclusive afirma não temer problemas com direitos autorais, já que, para além da pornografia de mau gosto, o que está no centro é o valor antropológico dos Tijuanas-bibles. 'São HQs racistas, preconceituosas, parte de um fenômeno que aconteceu nos Estados Unidos dos anos 30. Durante a recessão, as histórias em quadrinhos eram uma válvula de escape, e os artistas avacalharam tudo', diz Gonçalo."

Já ia ficando por aqui, neste novo e humilhante post "ctrl C + ctrl V", mas achei mais coisa. Desta vez, mando só o link. Lá vai!

terça-feira, dezembro 27, 2005

A morte do Super-Homem

Fiquei esse tempo todo sem postar em protesto contra a falta de comentários nos meus últimos posts. Sim, uma infantilidade da minha parte, eu sei. Mas agora vejo que fiz bem. Pois esse meu silêncio momentâneo (que já passou) pode ser considerado, a partir de agora, uma espécie de luto.

Luto pela morte de Chris Benjamin Natal. Vocês não o conhecem, eu não o conheço (pelo menos não a ponto de puxar uma conversa), o que é uma pena.

Chris, apesar de jovem, era um grande incentivador dos quadrinhos. Ele é o responsável, ao lado do já (re)conhecido Moacy Cirne (autor do livro A explosão criativa dos quadrinhos), por tocar o núcleo de pesquisa em Histórias em Quadrinhos da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, a Intercom. O NP 16, como é chamado o núcleo de quadrinhos, é elogiadíssimo dentro da instituição.

Chris morreu de falência múltipla dos órgãos após sofrer hemorragia interna, em conseqüência de uma cirurgia para redução do estômago.

Como não tivemos um contato maior, deixo aqui um link pra você saber mais sobre o Chris. Um outro tanto, você conhece através da leitura destas palavras de um amigo seu:

"Chris Natal desencarnou ontem, dia 26 de dezembro, na UTI de um hospital de Goiânia. Seu corpo será velado e enterrado no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo.

Chris foi professor e coordenador de curso de jornalismo em uma faculdade em Macapá. Era também um pesquisador, com atuação importante nas áreas de quadrinhos e propaganda subliminar.

Nem sempre concordei com suas opiniões e ações, mas ele sempre se revelou um amigo inteligente, divertido e fiel. Era alguém com o qual se podia conversar sobre qualquer assunto.

Chris era um caso clássico de superdotado, com todas as qualidades e defeitos dos superdotados: a inteligência ferina, o raciocínio rápido, o vício em informação, mas também a arrogância intelectual que ele não fazia a menor questão de disfarçar. Chris escrevia com rádio e televisão ligados, pois dizia que seu cérebro não se contentava com um só nível de informação.

Chris é o primeiro amigo, de minha geração, que morre, e morreu de forma boba, sem sentido. Logo ele, que parecia um touro, que nunca ficou doente enquanto eu o conheci, que dizia ter estômago de avestruz... Chris parecia invencível e talvez ele acreditasse mesmo ser invencível, tal a forma despreocupada e intensa com que vivia cada momento.

Ou talvez fosse o contrário: lá no fundo, talvez ele soubesse que ia morrer jovem e fazia questão de viver intensamente cada minuto, como quem sabe que não vai chegar ao ponto de chegada e corre o mais que pode para aproveitar cada metro do caminho. Talvez por saber que ficaria entre nós pouco tempo, ele fazia questão de ser notado, para que as pessoas sentissem falta dele...

O conselho "É preferível viver mil anos a dez que dez anos a mil" parece ter sido o lema de Chris. Ele devorava filmes e livros como quem sabe que tem pouco tempo e quer aprender tudo que pode no tempo que resta... mas também vivia cada emoção, cada sensação com a mesma gula. Bastava ligar "Chris, vamos pegar estrada..." e lá estava ele, na porta de nossa casa, pronto para viagem. Fizemos juntos uma viagem inesquecível para Pontal das Pedras e aproveitamos cada momento para conversar. Por insistência do Crhis, pegamos um barco e fomos parar no cenário mais bonito que já vi na minha vida. Naquela viagem, eu na proa e ele na popa, tiramos fotos um do outro, cada um tentando tirar a melhor foto, numa divertida disputa em celulose.

A mesma fome que ele sentia por informação, ele sentia por comida (uma outra forma de chamar a informação gustativa) e Chris era o melhor público que um cozinheiro poderia querer. Ao comer minha feijoada, ele afirmava categoricamente que era a melhor feijoada que ele já tinha provado em toda a sua vida, o mesmo para a pizza ou a lazanha... nesses momentos de cortesia culinária ele não se parecia nem um pouco com o Chris polêmico, que gostava de discutir e ostentava com orgulho as acusações que os adversários lhe faziam (quando o Bonfin Salgado o chamou de Canguru Australiano, ele fez questão de fazer para si uma camisa com essa expressão abaixo da imagem de um canguru com luvas de boxe).

Chris era um céptico, então ele riria do que vou escrever, mas espero sinceramente que seu espírito encontre a paz e a harmonia e que sua curta estada entre nós tenha sido mais um passo em sua evolução intelectual e espiritual. E, Chris, esteja certo de alguém não morre enquanto viver nas lembranças dos amigos. Assim, você estará para sempre em nossas lembranças.

Chris deixa uma viúva, Lili, e dois filhos, Matheus e Sofia." (Gian Danton)

domingo, dezembro 25, 2005

- Comi peru no Natal. - Você está preso, seu tarado!!!

Papai Noel não existe.

Pronto, falei. É o fim da sua inocência.

E olha que peguei leve, perto do que fez um certo alemão, o Dr. Fredric Wertham. O cara lançou, em 1954, nos Estados Unidos, o livro A Sedução dos Inocentes. Já falamos sobre essa obra aqui no CABRUUUM!!!!!! É aquela que diz que o Batman e o Róbin são mais que uma dupla dinâmica, provavelmente um casal estável.














[à esquerda, a capa do livro. À direita, a cara(-de-pau) do alemão. E o espaço no meio, entre as duas imagens, é pra você preencher com as relações libidinosas entre elas]


O livro do psicanalista é considerado, até hoje, o inimigo nº 1 das HQs. Por quê? Bem, por promulgar justamente o contrário do que apontam os estudos atuais (que vêem os quadrinhos como ferramenta educativa). Wertham defendeu que as histórias em quadrinhos incentivam a perversão sexual e a criminalidade. Daí que, em função disso, pais passaram a proibir as criancinhas de ler gibis.

O agito do alemão foi tanto que deu origem até ao Comics Code Authority, um código de censura ao conteúdo das revistas em quadrinhos. Portanto, essa história de que criança ler gibis é ruim tem uma origem bem antiga.

Quer saber um pouco mais sobre isso? Cutuque aqui.

Ou quer ter acesso ao livro A Sedução dos Inocentes na íntegra? Se for esse o caso, caro pervertido, copie e cole este endereço no seu navegador: http://www.goldcomics.com/MLJ/SOTI/index.htm (cutucando em cima, nem sempre dá)!

sábado, dezembro 24, 2005

Matéria não-paga, sério mesmo!

Enquanto pesquisava para um outro post, fui parar por acaso no site Mundo HQ. Parei e não saí mais de lá. Portanto, o post que pretendia fazer vai ficar pra outra hora. Pois hoje vou falar sobre essa minha surpresa.

O Mundo HQ já diz na capa que "todo o conteúdo de site é jornalístico e pode ser reproduzido, desde que a reprodução seja identificada e o site seja citado como fonte. O site Mundo HQ é uma criação do jornalista Dario de Barros Carvalho Jr (Djota), no ar [o site, não o jornalista, diga-se de passagem] desde junho de 2000."




Bacana. O espaço tem seções bem interessantes, como a Quadrinex, uma enciclopédia de personagens de quadrinhos (responsável por me fisgar sem querer na grande rede), Reportagens sobre Quadrinhos (pena que não seja também Reportagens Em Quadrinhos...), HuMOR CEGO (com algumas piadas explorando as personagens de HQ) e a que mais me chamou atenção: Quadrinhos e Educação.

Vale passar um tempo explorando essa última. Afinal, toca em temas já explorados aqui no CABRUUUM!!!!!!! (nem que seja pela tangente), como as diferenças entre cartum, charge e caricatura e a discussão sobre a homo ou heterossexualidade do Batman, uma bobagem que o site trata com o devido respeito.

No mais, o Mundo HQ tem mais uma porção de serviços e seções que só cutucando com o mouse em cima pra saber. Portanto, vá para lá agora!

CTRL C + CTRL V, na maior cara-de-pau

Saiu no site Universo HQ mês passado e eu decidi reciclar, pois tem a ver com as discussões aqui do CABRUUUM!!!!!! (vide os posts Batman & Róbin: o duplo sentido do "&" e Beba guaraná Celina, beba! nos arquivos de dezembro). Lá vai:

HQs de super-heróis são influenciadas por ameaças sociais, diz estudo
Por Marcus Ramone (17/11/05)
Muitos psicólogos acreditam que as pessoas ficam mais agressivas e menos interessadas em sentimentos e emoções nos tempos de crise social ou economia tumultuada. Sobre isso, a próxima edição da revista norte-americana Political Psychology publicará um estudo que mostra resultados interessantes: os quadrinhos de super-heróis também reagem dessa forma, nas mesmas circunstâncias. Os autores do estudo pesquisaram, quadrinho por quadrinho, oito títulos lançados entre 1978 e 1992, para registrar como as mulheres e as minorias eram tratadas; a forma agressiva com que as autoridades eram mostradas; as cenas de violência; o número de reflexões (balões de pensamento em vez de diálogos) e outros tópicos. No geral, os pesquisadores avaliaram que as mulheres falavam menos e que havia um grande número de painéis com cenas violentas durante esse período em que os Estados Unidos estiveram, algumas vezes, ameaçados por conflitos internos ou externos. Na pesquisa, foram usadas HQs da Marvel que até hoje são publicadas. Quatro eram de super-heróis convencionais que representam virtudes norte-americanas como patriotismo (Capitão América) e cidadania (Homem-Aranha); o restante foi de personagens não-convencionais, com temas sobre perseguição social (X-Men) e amoralidade urbana (Demolidor). Comparando as vendas desses gibis, surgiu outro dado curioso: os personagens não-convencionais venderam mais exemplares de seus títulos durante os tempos de estabilidade social do que nos períodos de ameaças, enquanto os outros mantiveram a vendagem de suas HQs estabilizadas.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Ler quadrinhos faz voar, nem que seja a imaginação das crianças

Encontrei numa banca da Av. Paulista um marca-página divulgando o livro Japonês em Quadrinhos, de Marc Barnabé (que, ousadamente, é espanhol). Trata-se de um curso do idioma japonês através de mangás. A capa do livro está aí do lado. Se você cutucar com o mouse em cima vai saber mais. Se bobear e tiver dinheiro e vontade, pode até comprar.

Eu poderia acabar o post por aqui, mas lembrei de um trabalho que assisti no último Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. O título: O aprendizado da linguagem da história em quadrinhos. O autor: Edgard José de Faria Guimarães. O Edgard é professor-assistente do Departamento de Eletrônica Aplicada no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, vulgo ITA. Estranho, não? Afinal, onde está o gancho com os quadrinhos?

Enfim, não vem ao caso. Pois o gancho que quero destacar é em relação a ensino e linguagem/idioma, comum ao livro do Barnabé e ao trabalho do Edgard. Veja o resumo do último:

"Este texto trata da seguinte questão: a linguagem da História em Quadrinhos pode ser aprendida naturalmente ou precisa ser ensinada formalmente. São apresentados argumentos a favor e contra cada uma das possibilidades. Cada elemento da linguagem da História em Quadrinhos é analisado em relação à facilidade de apreensão pelo leitor. Relacionada a esta questão está a eficiência da História em Quadrinhos como instrumento educacional. Finalmente é proposta uma síntese da questão."

Algumas anotações que fiz durante a apresentação do trabalho:

* a diagramação de gibis - pelo menos os mais convencionais - segue o mesmo padrão da escrita, ou seja, esquerda para direita, cima para baixo;
* o balão é usado desde 1400. Não surgiu com as HQs. Disseminou-se com a publicidade;
* muitos elementos dos quadrinhos não são específicos, e sim migraram de outras áreas. A citar, alguns tipos de cortes e enquadramentos, que têm origem no cinema;
* a representação da mitose (um processo de divisão de células) em livros de biologia, por exemplo, é uma história em quadrinhos. Há outros exemplos. Por isso, os professores já saberiam ensinar usando HQs;
* o Ministério da Educação já recomendaria o ensino de HQs nos Parâmetros e Referências Curriculares Nacionais (PCN).

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Cabruuum!!!!!! - A RESSURREIÇÃO

Estou de volta. Depois desse tempo todo, eu sei. Mas o que importa é que estou aqui. E que essa semana em que me ausentei foi a melhor da minha vida. Ué, mas por quê? Ora, pergunte para qualquer um dos 14 participantes do programa Rumos de Jornalismo Cultural, promovido pelo Itaú Cultural. Aí do lado estão os links pros blogs deles. A turma toda se reuniu em São Paulo semana passada pra finalizar o projeto...

***

Pra não chorar mais e estragar o teclado, hoje vou falar estritamente de quadrinhos.

Foi minha amiga Mirella, pernambucana e autora-editora do blog Cena Cênica, quem me avisou da existência do artista estadunidense Roy Lichtenstein. A Mi viu o post "Nona arte, que dúvida?!?!", onde tem umas telas parodiadas dentro do tema quadrinhos. Já o Roy (1913-vivinho da silva!) é artista plástico mesmo. Um nome expressivo dentro do movimento Pop Art.

Roy faz desenhos, como este aqui de baixo, que tirei do site que linkei acima:



[um pila pra quem adivinhar o título da obra... Whaam!]


Quer saber mais sobre o cara? Cutuque aqui!

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Sampost

Que desculpa darei para não ter postado nada, mas nada mesmo, desde segunda-feira? Olha, só posso dizer que tentei, realmente tentei.

Primeiro, estou viajando. A trabalho, a estudos, a sacanagem. Pra ser mais específico, estou participando do Colóquio Rumos de Jornalismo Cultural, promovido pelo Itaú Cultural. A atividade marca o fim do Laboratório de Jornalismo Cultural, de onde este humilde e limpinho blog se originou (se você é curioso e quer saber mais, cutuque aqui).

Pois então, estou desde segunda-feira viajando e não tive como acessar a internet. No aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, eu até pensei em fazer. Mas a lan house vendia o acesso a preço de zona: 3 pila, 15 minutos. De jeito nenhum!

Mas não há por que se desesperar! Venho por meio desta deixar bem claro que não abandonei o blog. Na verdade, na minha breve passagem por São Paulo, venho coletando, apurando, bebendo cerveja e investigando sobre quadrinhos. De modo que, quando voltar à Santa Maria, lá pelo dia 20/12, terça-feira, vou postar insandecidamente. Vale a pena esperar!

***

Post-aperitisco

Quarta-feira fizemos uma visita à Rádio CBN. Conhecemos a equipe de redação, assistimos à transmissão do radiojornal matutino, conversamos por mais de uma hora com o Heródoto Barbeiro (aquele que apresenta o Jornal da Cultura, na TV Cultura) e ganhamos livro, bloco, caneta, café, chocolate e bala de goma. Enfim, foi um espetáculo.

Dessa visita vem o gancho para o que quero dizer. Num mural da sala de redação, encontrei uma tira do Radicci. Não esta aqui que vou mostrar, mas no mesmo espírito:



[esse aí é o Radicci, que dá nome à tira. Mas tem outras personagens: a Genoveva, o Nôno, o Guilhermino, a Tia Carmella...]


Daí que parece um acontecimento banal, mas não é não. Afinal, Radicci é um colono gaúcho de origem italiana. As histórias dele falam de coisas do Rio Grande do Sul, onde a presença de descendentes de imigrantes é muito forte. O próprio Iotti, criador da personagem, é de Caxias do Sul, cidade onde a cultura italiana prevalece. Ou seja, a tira Radicci é de um regionalismo tão forte que é no mínimo curioso que tenha ido parar no mural de uma rádio de São Paulo.

Ou estamos diante de um fenômeno de regionalismo universal ou de outro mais específico, popularmente conhecido como "tem-gaúcho-na-redação".

Como não fiz perguntas pra achar essa resposta, mando aqui o link pro site do Radicci.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Ave, Adão! Ave, Adão!

Este fim de semana peguei pra ler uma edição da revista Aplauso que fala sobre o quadrinista e gaúcho Adão Iturrusgarai. Nome estranho, não? Mas o seu trabalho certamente você conhece: Adão publica na Folha de São Paulo, dentre outros veículos. É dele a tira com as personagens Aline, Rocky & Hudson, Otto e Pedro, Estevan e Kiki.

O interessante é que notei algumas semelhanças entre a vida do cara e a minha. Pelo menos há alguns referenciais em comum.

Pra começar, Adão nasceu no ano de 1965 em Cachoeira do Sul, na região Centro do estado. Mesmo lugar onde meu pai nasceu, 16 anos antes. Depois, com 18 anos, Adão foi para Porto Alegre, onde cursou Publicidade e Propaganda e Artes Plásticas (de cursar pra concluir esse último são outros quinhentos). Nova semelhança: sou de Porto Alegre, só saí de lá para morar em Santa Maria, bem pertinho de Cachoeira, com 15 anos (ou seja, fiz o caminho inverso). Além do mais, minha irmã é artista plástica e alguns dos meus amigos são publicitários (afinal, Jornalismo - meu curso - é um dos três da Comunicação Social, ao lado de Relações Públicas e Publicidade e Propaganda).

Mas, antes que pensem que estou querendo me igualar a ele, ressalto as diferenças. Em primeiro lugar, não sei desenhar nada e o fato de minha irmã ser artista plástica não me garante muita coisa. Em segundo, não sou bagaceiro. Pelo menos não tanto quanto o Adão.



[peguei leve pra exemplificar. Essa tira, filha de Adão, é uma das mais lights]

Basta você dar umas voltas pelo site do cara que vai perceber que não existe palavra mais apropriada para definir a temática dos seus quadrinhos. E isso nem é ofensa não! Adão Iturrusgarai é daqueles bagaceiros com orgulho. Basta ver o que disse para a Aplauso sobre o cartunismo de hoje: "todo cartunista é anarquista, punheiteiro e drogado" (totalmente fora de contexto esta colagem, mas se você ler toda matéria não vai mudar tanto de impressão).

No mais, Adão tem um currículo e tanto. Desenvolveu, com muita seriedade, trabalhos para programas como Casseta & Planeta e TV Colosso, além de colaborar para as revistas Bundas, Capricho, Chiclete Com Banana e, a mais séria de todas, Veja.

Errata humilde!

O link do último post não estava funcionando (quem me avisou foi o Fábio Gomes, do site Jornalismo Cultural). Agora eu arrumei. Portanto, vá lá e cutuque o mouse em cima pra ver o artigo de Antônio Aristides Corrêa Dutra sobre a ligação entre jornalismo e quadrinhos. Não está morto quem peleia...

domingo, dezembro 11, 2005

Peter Parker não tem diploma!

Você já se deu conta que o Homem-Aranha , o Super-Homem e o Tintin são jornalistas ? E que boa parte do enredo dessas histórias gira em torno do jornalismo, da rotina de redação?

Tem mais: que praticamente não há jornal no mundo que não publique charges e/ou tiras?

E que a expressão "jornalismo amarelo" (que, no jargão (não-)profissional, quer dizer jornalismo sensacionalista), surge com o personagem de HQ Yellow Kid, desenhado por Richard Outcalt para o New York World no fim do século XIX?

Hein? Você sabia?

Pois bem. Esse é o mínimo que você vai tirar da leitura do artigo Quadrinhos e jornal: uma correspondência biunívoca. Quem escreveu foi o mestrando em comunicação pela ECO/UFRJ Antônio Aristides Corrêa Dutra.

O texto mostra como essa ligação entre quadrinhos e jornalismo é antiga. Remonta, pelo menos, ao século XIX. E que, por isso, não é de se esperar que hoje haja um incipiente Jornalismo em Quadrinhos, encabeçado por jornalistas-quadrinistas como Joe Sacco, Art Spielgeman e Robert Crumb, dentre outros.

Vale a pena ler o artigo de cabo a rabo. Cutuque aqui!























[Semelhança gráfica: tanto o jornal impresso quanto a história em quadrinhos dividem seu objeto de discurso em partes menores dentro da página. A diferença: o primeiro trabalha com blocos de informação onde estão as matérias, e o segundo com os quadros]

sábado, dezembro 10, 2005

Que nem dirigir de ré!

Estou na casa do meu amigo e me deparei com este livro aqui:

[mesmo esquema: você cutuca na figura e vai parar no site da editora. Qualquer dia desses começo a cobrar pra fazer isso...]

O detalhe: essa aí não é a capa, mas sim a contra-capa. Estranho, não?!

A princípio, parece que o exemplar foi impresso errado. Mas aí você abre o livro do jeito ocidental (esquerda para direita) e leva um metafórico safanão na orelha (na tua, não na da folha). Está escrito assim, na primeira página: "Ei, este é o fim! Nos mangás, a leitura começa do outro lado!"

Daí você começa a entender...

O livro se chama Mangaka - Lições de Akira Toriyama. Logicamente, Toriyama é o autor (ao lado de Akira Sakuma que, por eu não ter encontrado nada sobre ele, não vem ao caso). E a obra é, na verdade, um manual de como fazer mangás (aqueles desenhos japoneses onde os olhos das personagens são maiores que a boca).

Pra quem não conhece, Toriyama é o criador do Dragon Ball (Z). Em outras palavras, ou melhor, em um desenho valendo por mil palavras:

[esse é o Goku, protagonista do Dragon Ball]

Voltando ao livro!

Ler esse manual de mangá de trás pra frente é um desafio. Pelo menos inicialmente. Depois a gente se dá conta que nem é tão difícil assim, só estamos acostumados a ler de outro jeito.

Pra quem sentir muita dificuldade, ainda tem o site do Akira. Esse sim não teria como ser de baixo pra cima. Pois aí já seria demais...

Um vírus derrota The Spirit

[esse é o Spirit]


Sei, não tem desculpa pra eu não ter feito postagem ontem. Mas, realmente, não deu. Fiquei inutilizado por causa de um vírus que, se não gripou ninguém, ao menos me deixou sem computador. Enquanto isso, vou incomodando os amigos e postando fora de casa.

Bem, esses dias falei do site do Scott McCloud. Depois me bateu o remorso: por que não falei do site do Will Eisner também? Bem, eu... eu... eu... eu estou fazendo isso agora!

O Will Eisner é estadunidense, nasceu em 3 de março de 1917 e morreu este ano, dia 5 de janeiro. Nesse meio tempo - uma bagatela de quase 88 anos -, publicou uma porção de HQs. Destacando alguma coisa: o célebre The Spirit, as graphic novels (ou seja, novelas em quadrinhos) Avenida Dropsie e Um Contato com Deus (quer mais exemplos? Cutuque aqui!), e as obras teóricas Narrativas Gráficas e Quadrinhos e arte seqüencial, até hoje referências bibliográficas essenciais para qualquer quadrinista.

Mais detalhes você vê aqui, na wikipédia. E no site dele, também, onde você inclusive pode deixar homenagens ao falecido. Agora, pra encerrar: depois de muito cutucar (apesar de o espaço virtual do Eisner ser tão singelo quanto a sua obra impressa), você talvez tope aqui: a história do detetive John Law. O chamariz aí é poder ler online alguns quadrinhos dessa personagem.

[esse é o cara]

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Esta me fez lembrar dos irmãos Metralha:



[os irmãos Metralha, lembra deles? São personagens da Disney]

Aconteceu com o quadrinista japonês Kazuichi Hanawa. Ele foi preso.

Tá, e daí? Calma, não terminei de contar.

Hanawa foi preso por porte ilegal de armas, em 1994. As condições em que isso aconteceu mostram que ele é um criminoso perigosíssimo-de-alta-periculosidade, desses que se você encontrar na rua não dá nem tempo de fazer a última prece: réu primário, praticava tiros pra testar armas nas montanhas, quando foi pego em flagrante.

Hanawa foi mantido na prisão, longe de crianças com seus docinhos, por três anos.

Beleza, mas que mais?

Aí é que vem a parte legal. O japonês foi preso e fez disso uma experiência. Não uma experiência de inconformidade com o sistema penitenciário ou um afogamento eterno de lágrimas. Mas sim uma experiência em quadrinhos.

Hanawa mandou relatos quadrinizados do seu julgamento e da passagem pela penitenciária à revista Ax. Serviram de inspiração as cartas que escrevia para os amigos durante esse período, falando sobre os livros que leu, a comida da prisão, a vontade de fumar + a ausência do cigarro, a turma gente boa com quem conviveu... Enfim, falando sobre coisas do dia-a-dia. Só que não o nosso dia-a-dia, que podemos entrar e sair de casa a qualquer hora. Pelo menos até que aprontemos alguma...

Tudo isso foi publicado no livro Na Prisão.


[botei a capa do livro aqui pro caso de você querer comprar. Aí é só cutucar com o mouse em cima da imagem que a internet te leva ao site da editora. E o pior é que não ganho nenhum centavo com isso...]

Olha o que o japonês diz:

- Aqui eu me sinto como se estivesse protegido, envolto em algodão macio.

É, falando sério, pouca gente possui essa virtude de transformar uma tragédia em algo positivo. Gostei do cara.

Radioquadrinhos: imagina se isso existisse...

Ontem eu quase me botei fora. Fui dar uma entrevista sobre o CABRUUUM!!!!!!! na Rádio CDN (é, o blog tá crescendo mais que guri de 15 anos!) e me vi diante da seguinte pergunta:

- Qual a ligação entre charge e história em quadrinhos?

- Her... hã... Bem... (Glup!)

Ehehehe. Claro que não respondi assim, mas foi por uma fração de segundos. No fim, disse que:

- A charge é uma história em quadri-NHO, no singular, ou seja, uma história em um só quadrinho!

Só me safei dessa porque me lembrei de algumas coisas que li no Desvendando os Quadrinhos, do Scott McCloud. Mas antes vamos exemplificar:




[a charge é do cartunista Elias, que ligou ontem pra Rádio CDN respondendo a uma dúvida que nos surgiu durante a entrevista. O Elias ainda vai ser minha pauta aqui no blog, podem anotar!]

Nesse desenho aí de cima, você vê personagens, cenário, ação, passagem de tempo, enredo. Em suma, uma história. Só o fato de haver balão mostra que é uma história, pois indica um diálogo (do repórter com seus ouvintes, no caso acima). E o diálogo, para ocorrer, precisa de um certo tempo. Então a charge conta, em somente um quadro, uma história.

Palmas. Eheheheh.

Parece bem bobo, óbvio, mas antes de se dar conta não é não. Experimente responder a uma pergunta que você nunca pensou, ao vivo, numa rádio, as mãos suando.

Mas, enfim, podia ser pior. Podia ser na televisão...

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Arquétipos (você não vai ver nenhuma imagem neste post porque isso tudo é mental)

Me escreveu esses dias a companheira Milena, comentando o post O (des)equilíbrio dos Malvados:

"Gostaria de acrescentar algo sobre arquétipos... Não só a linha, mas as demais formas terão um sentido arquetípico. Entretanto, os arquétipos não são configurações estanques, são significados com as interpretações individuais. Dizer que os cones dos malvados representam violência e o círculo do rosto a contrapõe é uma leitura de quem vê, no caso a sua... Se quiser, podemos ampliar as discussões. Abraço!"

Bem, não houve nenhuma contradição com o que escrevi aqui. Mesmo assim, foi importante a Milena ter destacado isso.

No mesmo dia em que fiz o post, lembro que o professor Adair Caetano Peruzzolo falou exatamente sobre essa questão no Grupo Imagem: "os sentidos são indecidíveis" (não lembro de qual autor é a citação). Dizia o professor que se um brasileiro lesse um sentido e os outros 170 milhões lessem o contrário, não haveria como dizer que o pobre teimoso estaria incorreto. Vale o exemplo do Galileu Galilei, que cismou em dizer que a Terra era redonda (ora, que absurdo!).

Claro que há espaço para leituras individuais, mas a idéia de arquetípicos prevê justamente que essas leituras fazem parte da nossa constituição biológica e, portanto, são intrínsecas a toda a nossa espécie. Assim, você vê algo pontiagudo (uma faca, um alfinete, uma pedra lascada...) e lê perigo. E vê uma linha suave (o horizonte, um lago...) e lê justamente suavidade. É a sua natureza falando mais alto!

***

Mas deixa eu contextualizar. O Adair é orientador do Grupo Imagem, grupo de estudos sobre imagem dos cursos de Comunicação Social da UFSM (ó o currículo lattes dele!), do qual eu participo. Estamos indo para o nosso quarto ano de atividades e já estudamos vários autores: Adonis A. Dondis, Eliseo Véron, Phillipe Dubois (o livro dele O ato fotográfico tá passando de mão em mão por lá), Jacques Aumont... No momento estamos trabalhando em cima deste texto aqui, do Grupo ITACA-Uji, da Espanha.

Cada integrante do Grupo Imagem lida com uma área de expressão. Este ano, recém saídas do forno, quatro monografias. Sobre semiótica aplicada a relações públicas, documentário, jogos interativos de computador e fotojornalismo. Ano que vem sai sobre animação, história em quadrinhos (eu, eu, eu!!!), VT publicitário, traillers...

Enfim, é bastante coisa. Se quiserem saber mais, é só perguntar! Aceitamos sugestões, críticas, comentários, orçamentos milionários! Eheheheh.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Nona arte, que dúvida?!?!

Afinal, depois dessa, não há por que dizer que quadrinhos não é arte. Olha só esta imagem neste link que recebi do grupo de discussões do núcleo de pesquisa (calma, respire um pouco antes de continuar a frase, não quero matar leitores por falta de ar e vírgulas!) em histórias em quadrinhos da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisplinares da Comunicação (em outras palavras, Intercom):



E esta outra aqui:



E mais esta:



Eheheheh. Curioso, não? Tem mais dessas imagens no site, vá lá e olhe com calma. Algumas delas lembram os desenhos hiper-realistas do quadrinista estadunidense Alex Ross (o cara que fez a série Marvels). Vou até botar aqui o link pro site dele, de bandeja. Vale a pena conferir!

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Beba guaraná Celina, beba!!!

A participação do leitor é de extrema importância nos quadrinhos. Entre um quadro com o desenho de alguém erguendo um machado e outro com a onomatopéia do grito de uma pessoa, usando um exemplo mccloudiano, é o leitor quem realiza a ação: ele imagina a força do golpe, a velocidade, o lugar em que o machado acerta, se é que acerta... Enfim, o autor dá as armas pro leitor, que, no fim, realiza a ação (nesse caso, o leitor torna-se assassino: é quem usa o machado para matar).

Essa introdução é pra falar da participação dos leitores no blog, que é tão importante quanto numa história em quadrinhos. Afinal, as discussões podem ser ampliadas, melhor ilustradas, diversificadas.

Daí que esta semana recebi dois comments indicando material sobre mensagens subliminares, assunto neste blog há alguns dias. Depois daquilo, num jogo de futebol, entre um litro de refri e outro (aposto que tinha mensagem subliminar na bola dizendo pra gente beber mais!), um amigo me lembrou que quem apresentou, há dois anos, o trabalho sobre a campanha eleitoral do George W. Bush foi o próprio Calazans, que escreveu o artigo motivador do post "Batman e Róbin: o duplo sentido do '&'" (dêem uma olhadinha aí embaixo, pra contextualizar). Recordo que questionei o Calazans no congresso a respeito de uma dúvida minha: afinal, será que algumas coisas que ele apontava, como o som de porcos agonizando na trilha do filme Exorcista, não eram antes um recurso para produzir sentidos do que uma mensagem subliminar? Ele não respondeu à minha pergunta.

Voltando aos comments. O Diogo, um dos que me escreveu, passou este endereço aqui, do Projeto Ockham, cuja razão de ser é desmistificar as pseudociências. O link dá num artigo que desvenda o processo de construção do mito das mensagens subliminares, desde a famosa experiência do "Beba Coca-Cola" durante uma sessão de filme até a conclusão de que uma mensagem, para produzir ação, tem de ser captada e, assim, acaba deixando de ser subliminar.

O Projeto Ockahm pode ser colocado em comparação com a ONG Mensagem Sublimar. Taqui o link dessa última. Você cutuca com o mouse em cima e tira suas próprias conclusões.

O que noto é que o artigo vai ao encontro de um texto que eu já havia lido do educador cearense Lauro de Oliveira Lima. Sensibilização e estímulo, o título do trabalho, defende que nós só percebemos os estímulos para os quais temos mecanismos de percepção. Como acontece com a visão e a audição: só vemos e escutamos aquilo que está dentro das freqüências de onda que a nossa espécie tem capacidade de captar. Daí que não enxergamos abaixo do infra-vermelho e acima do ultra-violeta, nem ouvimos sons que nosssos cães, bem faceiros, escutam.

O artigo é interessante pelas conclusões a que chega. Uma delas, por exemplo:

"A 'teoria da assimilação' de Piaget [...] muda completamente tudo o que se pensava, não só a respeito da eficácia da propaganda, como o que a polícia pensa com relação à censura. O material que a censura censura, provavelmente, nenhuma influência 'perniciosa' produziria. Não é porque se assiste a um filme 'imoral' que se passa a ser imoral. Não se muda de ideologia porque se leu um editorial contra a ideologia que se adotava. Pelo contrário: em geral, a agressão a nossos preconceitos leva-nos a obter recursos novos para defendê-los (cada corrente de opinião assina o jornal que reforça seus pontos de vista). Todo mundo conhece a agressividade dos grupos minoritários, precisamente porque estão mergulhados num ambiente 'agressivo': antes de ter que mudar, o organismo (a mente) faz tudo o possível para não mudar (daí ser tão rara uma 'conversão')."

O artigo diz mais, mas este post já está muito grande. Enfim, o que o autor escreve pode ser transferido para a teoria das mensagens sublimanares (inclusive o Projeto Ockham usa os mesmos termos, como "percepção" e "estímulo"): nós só vamos captar essas mensagens se tivermos capacidade para isso (e não sei se um frame entre tantos pode ser captado...). Além do mais, não dá pra esquecer que, de captar a aceitar cegamente uma mensagem, são outros quinhentos.

Eu gostei da conclusão do Lauro de Oliveira Lima, que me pareceu bem sensata:

"Não se pode afirmar, simplesmente, que a violência, intensamente exposta nos m.c.m. [meios de comunicação de massa], não influenciam o comportamento dos espectadores, mas a afirmação contrária, também, é desprovida de qualquer base científica. O problema é, infinitamente, mais complexo e merece cuidadosa pesquisa."

Bem, é isso. Algumas idéias pinceladas, pra enriquecer a discussão.

...

Ah, peraí, já ia esquecendo! O meu quase-xará Eduardo Augusto mandou, num comment, este link, que vai dar em exemplos de duplo sentido em histórias em quadrinhos (como a imagem aí de cima). Vale a malícia que a gente não tinha quando era criança. Ou, pelo menos, não lembra!

sábado, dezembro 03, 2005

Histórias em fotoquadrinhos animados

Dê uma olhada nessa seqüência de fotos tiradas pelo fotógrafo estadunidense Duane Michals:


E nesta outra aqui, do mesmo autor:


Tá, agora vamos à definição de histórias em quadrinhos, do Scott McCloud: "imagens pictóricas e outras justapostas em seqüência deliberada destinadas a produzir informações e/ou a produzir uma resposta no espectador." Bem, tirando o termo "pictóricas" (que quer dizer "relativo à pintura") e ignorando os recursos de parcimônia dos narrativas em HQ (pois as fotos repetem o mesmo enquadramento), não estaríamos diante de duas histórias em quadrinhos?

Vou botar mais lenha na fogueira. Cutuque neste link aqui e olhe as últimas fotos novamente, desta vez seqüencializadas temporalmente, e não espacialmente. Elas não se tornam agora animações?

Segunda-feira passada fui na CESMA

A CESMA é a Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria. Sede nova, livraria com material novo (um colega avisou que tinha bastantes HQs) e uma surpresa...

Abre parênteses:

claro, surpresa bem menor que ver o comment do André Dahmer (autor da tira Malvados) neste blog ontem, seguido de recomendações no blog dele. Aliás, aproveito para agradecer publica e virtualmente pelas palavras de incentivo. Aumenta a responsabilidade...

Fecha parênteses!

Bem, fui lá na CESMA e, enquanto um amigo folheava com um sorrisinho maroto umas revistinhas de hentai (aqueles gibis pornôs), procurei obras sérias, teorizantes, analíticas - deixa-eu-dar-uma-olhadinha-nesse-desenho-de-mulher-pelada-também - e fundamentadas de histórias em quadrinhos. Afinal, eu me formo em jornalismo na UFSM ano que vem, e minha monografia será sobre jornalismo em quadrinhos, mais especificamente sobre estratégias de produção de sentido em jornalismo em quadrinhos. Mas falo disso outra hora.

Voltando à CESMA. Nas minhas olhadas, encontrei dois exemplares do Quadrinhos e Arte Seqüencial, do Will Eisner, obra de referência sobre HQs. Bem, e qual é a surpresa?! Ora, acontece que até onde eu sabia a edição estava esgotada. Um outro amigo, do Maranhão (o Trompetista Gago da lista de links aí do lado), tinha até ficado de me emprestar o exemplar dele. Realmente, eu não esperava.

Toda essa introdu-enrolação foi pra dizer que vou comprar o livro do Eisner pra fazer companhia na estante ao que já tenho dele, Narrativas Gráficas. Os dois, mais o Desvendando os Quadrinhos e o Reiventando os Quadrinhos, do Scott McCloud, são bibliografia básica de qualquer trabalho na área. Sim, tem também o Álvaro de Moya, Moacy Cirne, Umberto Eco... mas experimente escrever sobre HQs e não ler os livros do Eisner e do McCloud! Os outros, ainda vai!


[os quatro livros que falei juntinhos, arrumadinhos, faceiros, que nem a criançada de mão dada na fila no jardim de infância]


Daí que, dia desses, googleando, achei o site do Scott McCloud. Estou recém no segundo semestre de inglês, então não estou apto a discorrer e discorrer e discorrer sobre ele. Mas você pode ir lá e pesquisar por conta própria. Tem bastante coisa pra ser vista.

Pra mim, a grande surpresa foi encontrar a foto do Scott e do Frank Miller juntos (este último é o quadrinista que fez o Batman, Cavaleiro das Trevas). Por que a surpresa? Bem, porque eu ainda tinha dúvidas se o McCloud tinha se inspirado em si mesmo (frase estranha....) pra compor a personagem que teoriza sobre quadrinhos no seu livro. E agora vi que...

Não vou dizer. Pedagogicamente, não vou dizer. Quero que você vá lá e navegue. Até mando o link pro site de novo, desta vez dando direto na foto que falei. Lá vai: http://www.scottmccloud.com/home/news/news.html. Agora é com você!

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Batman & Róbin: o duplo sentido do "&"

Por essa eu não esperava... É o fim do que restava da inocência da infância. Estou chocado!

Ontem dei de cara com o artigo MIDIOLOGIA DAS MENSAGENS SUBLIMINARES NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, de Flávio Mário de Alcântara Calazans. No texto, o autor fala de uma Semiótica Subliminar, ciência que teria origem no filósofo grego Demócrito (400 a.C.), quando este afirmou que nem tudo que é perceptível pode ser claramente percebido. Daí, passou por Platão, Aristóteles, Leibniz, Freud, Marshal McLuhan e Umberto Eco, dentre outros. A idéia é que há mensagens escondidas por baixo da mensagem principal de algumas obras da cultura de massa, de modo a influenciar comportamentos.

1956 foi o grande marco dessa teoria, quando a frase "beba Coca-Cola" foi inserida subliminarmente durante uma projeção de cinema, aumentando em mais de 50% as vendas desse refrigerante nos arredores da sala de exibição (logicamente, isso aconteceu após o fim da sessão, senão seria um fenômeno de parapscilogoia).

Bem, eu já havia visto alguém falar sobre isso no XXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em Porto Alegre, 2004. No núcleo de pesquisa em histórias em quadrinhos, um trabalho mostrava, entre outros exemplos, a inserção da palavra rat (rato, em português) numa propaganda da última campanha presidencial do Gerge W. Bush. Se deu certo ou não, não se sabe. Mesmo o Bush sendo hoje presidente dos Estados Unidos, isso não prova que a mensagem subliminar surtiu efeito ou não.

Enfim, mesmo eu já tendo ouvido falar sobre isso, não pude deixar de me chocar com este trecho do artigo do Calazans:

"Em 1954, surge o polêmico livro 'A sedução do Inocente', do D. Fredric Wertham, psiquiatra de New York que analisa a técnica de inserção de 'imagens no interior das imagens' e o subtexto sexual dos roteiros. Seu exemplo mais famoso é o subtexto homossexual de Batman e Robin, mas também analisa o lesbianismo sádico da Mulher Maravilha e o onanismo [leia-se masturbação] de Super-Homem, além da violência latente e sugerida, que o Comics Code represou nos comics americanos até a década de 80, quando Frank Miller assume o sadismo e a violência ao reformular 'Batman - O Cavaleiro das Trevas', mantendo a pedofilia, agora com uma Robin feminina de menor idade."

Nossa! E eu li mais de 400 gibis quando era guri...

O pior disso tudo é que parece ser assunto sério. Pelo menos pelo profissionalismo latente do site do Calazans, onde você encontra outros exemplos de mensagens subliminares, principalmente em desenhos da Disney. Também tem trabalhos do Calazans, inclusive quadrinhos, o que me fez pensar se ele também não apronta umas com a gente nos desenhos dele...

No mais, se você já se excitou folheando revistas em quadrinhos ou teve desejos sado-masoquistas ou qualquer coisa do tipo, livre-se da culpa! Os culpados são os gibis!

[Quer ver o artigo completo, de onde tirei a imagem aí de cima? Cutuque aqui!]

quinta-feira, dezembro 01, 2005

O (des)equilíbro dos Malvados

Acabo de voltar da reunião do Grupo Imagem. Como resultado (lá analisamos meu post anterior), a correção de que os quadros dos Malvados, do André Dahmer, não são quadrados, mas sim retangulares. Bem, questão de percepção...

Agora, há outras coisas mais a dizer. Principalmente sobre a relação entre o texto icônico e o lingüístico. Vejamos a tira de novo:




Afinal, qual é a razão de ser dessa mancha cinza atrás das personagens? Resposta: equilíbrio. Tente imaginar a tira em três situações: 1) sem a mancha cinza 2) os balões de fala das personagens colocados em lugares diferentes dos que estão agora 3) as personagens colocadas em outra posição dentro do quadro. Veja que em qualquer desses casos é gerado um desequilíbrio na composição da imagem. Sim, porque o texto escrito adquire status de texto icônico dentro do quadro. E a mancha cinza equilibra a relação entre ele e as figuras.

Quanto à explicação de ontem de as linhas e formas pontiagudas evocarem agressividade, aqui vai o embasamento teórico do professor Adair Caetano Peruzzolo, orientador do Grupo Imagem: "toda linha tem um determinado sentido arquetípico". Nossa, e ele morde? Eheheheh. Não. Na verdade, é difícil de entender no início, mas a gente vai assimilando devagarzinho....

É importente ter uma noção do que é analisar semioticamente um texto (icônico, principalmente): é tornar consciente alguns sentidos que a gente percebe inconscientemente. Mais ou menos como funciona uma psicoterapia.

Agora, outra coisa que quero falar das tiras Malvados é em relação ao fato de serem em preto e branco. Aliás, nem vou falar nada. Vou deixar o Scott McCloud falar por mim:

[escaneei da página 192 do livro Desvendando os Quadrinhos, do Scott McCloud, São Paulo: Makron Books, 1995]

Tá ruim de ler, vou transcrever: "A diferença entre quadrinhos em preto e branco e em cores é profunda, afetando cada nível de experiência de leitura. Em preto e branco, as idéias por trás da arte são comunicadas de maneira mais direta. O significado transcende a forma. Em cores planas, as formas assumem mais significância. O mundo se torna um playground de forma e espaço."

Viu? Bote umas cores na tira e confira como o sentido ao ler não será mais o mesmo. Provavelmente a ironia e o niilismo dos Malvados perderia força, e a forma dos personagens ganharia mais destaque. Duvida? Então imprima e faça o teste!

Bem, é isso. Chega de semiótica por hoje.