sábado, maio 20, 2006

Singelo Blues

É coincidência, juro! Novamente um post sobre blues no Cabruuum, na seqüência. Mas dessa vez não é música, e sim Baby Blues. Quem? Bem, no Brasil, se você conhece as tiras de que vou falar, você conhece por Zoé e Zezé.

[Dê uma incomodadinha com o botão esquerdo do mouse em cima do desenho e você vai parar no site dos personagens]

E o que é isso, companheiro? Trata-se de uma série de histórias em quadrinhos criadas por Jerry Scott e Rick Kirkman (infelizmente, os links que achei são todos em inglês, haja vista que os autores são estadunidenses. Se você for bom no enrolation, porém, há ainda duas entrevistas para o jornal Washington Post, uma com o Jerry e outra com o Rick. Se não for, tem este outro link aqui, que fala um pouco sobre os autores, traz uma lista de publicações, com as devidas resenhas, e ainda tem uma fotinho dos caras).

Bem, voltando: Zoé e Zezé / Baby Blues é a história de um casal envolvido na criação dos seus três filhinhos pequenos, e o enredo gira em torno de todas as ironias dessa fase da vida: as perguntas constrangedoras das crianças, as confusões dos adultos, não tão preparados para lidar com as situações... Até daria para fazer uma comparação com a Família Brasil, do Luís Fernando Veríssimo, se aí não se tratasse de filhos adolescentes e pais já maduros. Sem falar que o Veríssimo explora o humor exagerando situações, ao passo que Jerry e Rick trabalham simplesmente com...

... O SINGELO da Vida Real!!!




Isso, não haveria outro jeito de explicar: SINGELO... A palavra resume o tipo de obra que me atrai, e que me dei conta ao ler a orelha de uma edição de O Senhor dos Anéis, onde se diz que a história é "alternadamente cômica, SINGELA, épica, monstruosa e diabólica". O singelo foi o que me chamou mais a atenção ao ler essa epopéia do J. R. R.Tolkien.

Mas, enfim, largando as reminiscências e voltando para Zoé e Zezé. Aí o singelo está no enredo das histórias, que fala de coisas muito simples, do cotidiano de qualquer casal com crianças pequenas (pelo menos é o que eu, com 20 anos, solteiro, imagino) (sem falar que o fato de serem desenhos bem simplificados faz com que nos identifiquemos mais com os personagens, o contrário do que aconteceria se víssemos uma foto, por exemplo).

Tem outra coisa também. Hoje dei uma palestra para um grupo de estudantes da UFSM integrantes do Programa de Ensino Tutorial, vulgo PET, do qual eu participo. Entre outras coisas, procurei mostrar como a forma dos desenhos influencia nossa experiência de leitura. Turma da Mônica e Walt Disney, por exemplo, nos seriam mais simpáticos por terem formas arredondadas, suaves, agradáveis ao olhar. Uma aluna da biologia até deu um exemplo disso nos animais: filhotes sempre são redondinhos, suaves, para nos provocar compaixão, o que aumenta suas chances de sobrevivência.

Agora veja o jeito como os desenhos de Baby Blues são feitos e conclua se não contribuem para a impressão de singeleza...





Enfim, deixo a bola quicando pra você aí... Comece a cuidar mais a sensação que você tem ao se deparar com alguma imagem. Depois cuide os traços, as formas e, se houverem, as cores. Logo você vai se dar conta que há algumas coincidências...

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