Um dos melhores retornos que se pode ter com uma reportagem (cujo trabalho é sempre um processo solitário) é receber depoimentos de leitores que acrescentam informações, enriquecendo o saber sobre o tema. Minha última reportagem teve essa honra. Destaco aqui dois comentários que são uma espécie de upgrade ao tema da pauta.
Ludmila:
"Olá, tudo bem?
Li essa matéria sobre o Hipertexto hoje, confesso que tal assunto me fascina muito. Gostei de saber que no Brasil também tem dado seus passos nesse tipo de literatura.
Senti falta, no entanto, de nomes pioneiros nessa área, como Raymond Queneau, criador do OuLiPo e autor de Cent Mille Milliards de Poèmes [o livro não foi esquecido, apenas foi citado em outro post no Cultura News, mais exatamente neste aqui], ou de Georges Perec, também membro desse grupo, e autor de A vida modo de usar, publicado em 1978, que assim como Afternoon traz histórias que se entrecruzam e se remetem. Esses são só alguns exemplos de uma literatura hipertextual que já existia antes de 1987. Inclusive, os livros de Calvino que você menciona fazem parte da fase oulipien do escritor, juntamente com As Cidades invisíveis.
Extremely lound and Incredubly close do Foer, já foi traduzida, sim, para o português, o que ainda não foi e acredito que nem será é seu novo livro, o delírio de qualquer apaixonado por essa literatura, Tree of Codes que é inspirado em Rua dos Crocodilos de Bruno Schulz e tem um formato ousado mas ainda similiar ao livreto de poemas do Queneau.
Acho esse assunto extremamente apaixonante, curioso e é muito bacana poder dialogar com alguém que também nutra esse tipo de interesse.
Abraços e parabéns pela matéria."
Paula Mastroberti:
"Olá, Paim. Li sua matéria na Revista. É um assunto que não só me fascina, como faz parte de minha pesquisa de doutorado. Além disso, também sou uma escritora que trabalha narrativas híbridas há algum tempo. Apenas trabalho para uma área na qual esse jogo é considerado natural: a literatura juvenil. Sobre isso, eu gostaria de acrescentar às suas suposições que, além da influência recente dos suportes plurimidiáticos na literatura contemporânea, é preciso ressaltar a influencia do livro infantil e juvenil na formação de gerações de escritores (eu inclusive) desde a invenção do livro-brinquedo e dos chapbooks na Inglaterra vitoriana. Não tenho dúvida de que o germe de uma literatura que integra design, efeitos gráficos e imagens, mesmo antes dos quadrinhos está no histórico da produção editorial dirigida à infância (estágio pelo qual todos passamos). Comprovadamente, o livro infantil não só soube explorar, muito antes do adulto, os recursos tecnológicos de impressão desde o século XIX, mas foi também o catalisador principal do desenvolvimento do design de livros e sua exploração estética. Abraço."
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
Novas narrativas_upgrade 2
Postado por
Augusto Paim
às
6:27 AM
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2 comentários:
Parabéns, guri, você merece. Esse é mesmo um tema fascinante.
Oi, Augusto, como vai?
uma das coisas mais gostosas da literatura é a troca, né? Encontrar pessoas com o mesmo gosto, com questões em comum. E é incrível como tem coisa sobre essa literatura hipertextual, cada dia descubro uma coisa nova.
Tô esperando a matéria sobre o Queneau, hein?
Abraços.
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