domingo, março 02, 2008

Persépolis(s)

Em algum lugar na internet, agora não me lembro exatamente onde, li uma crítica comparando a história em quadrinhos Persépolis à sua posterior adaptação para o formato "animação". Dizia o articulista que, apesar do filme ser muito bom, perdia-se muito do que se obtém apreciando a história no formato livro, que é: poder interromper a leitura quando bem lhe apetecer para refletir sobre as páginas que ficaram para trás. A ininterruptividade dos instantes da sétima arte - a não ser que se assista em casa, como eu fiz - faz com que os milhares de frames que se seguem empurrem com veemência o último assistido para o passado. Sem tempo de muito pensar.

A crítica procede, e eu assino embaixo no que toca à diferença entre o formato "literatura" e o formato "cinema". Acabo, porém, de assistir ao filme Persépolis e, nesse caso específico, vejo que a essência da história foi mantida, entendendo que o clima reflexivo faz parte dessa essência. Isso foi conseguido com os recursos específicos dessa linguagem. A animação, além disso, conseguiu uma independêndia da obra escrita/desenhada, tendo méritos e vantagens por si só. Tivesse a animação surgido primeiro, o livro é que estaria sendo discutido aqui, comparativamente.

Não vou colocar links para trailers de Persépolis. No YouTube há vários, você mesmo encontra. Os que vi, porém, me deixaram com uma idéia errada do que seria o filme. A magia e a riqueza da linguagem (tanto dos desenhos quanto dos recursos sonoros) adequada ao enredo da história (que é o fundamental compartilhado pelas duas obras) fazem de Persépolis um filme a ser assistido. E do livro, um livro a ser lido. Em qualquer ordem: tanto faz quem tenha vindo primeiro, se o ovo ou a galinha.

Para finalizar, um novo gancho para falar aqui de pérolas que não dizem respeito diretamente a quadrinhos, mas, como pérolas que são, não devem deixar de ser faladas: quando Marjane Satrapi, a protagonista-autora dos dois Persépolis (embora, justiça seja feita, no filme a função dela é de co-autoria), abandona de vez o Irã rumo à França, agora adulta e dona de si, há uma cena de despedida no aeroporto em que ela comenta que nunca mais verá a avó, pois esta morre pouco tempo depois. A frase que resume a sensação da partida: "a liberdade sempre tem seu preço".

O gancho é que esses dias li o belíssimo texto "Até que sejamos pó", no blog ArTorpedo, de Anderson Ribeiro. Leia-o, e veja se o gancho se confirma!

Bueno, é isso. Estou com uma linguagem pomposa hoje, mais por ironia do que por adaptação ao estilo. É que estava lendo um longo trecho de Dom Quixote em que o protagonista faz um discurso comparativo entre o Militarismo e a Erudição, favorecendo o primeiro. O estilo me contaminou.

3 comentários:

Paulo Rená da Silva Santarém disse...

Na dúvida, tenho visto os filmes antes dos quadrinhos, pois estes tendem e a ser melhores e eu não quero me decepcionar no cinema.

Mike Zem disse...

eita seu monge... se vemo em santa no findi entao?!?! vamo tira os atrasado... 3 festa eh pa bebe ateh caih!!
viu: tenho persepolis em pdf q eu achei na net, mas eh em ingles... mas vale a pena... se tu kiseh botah pro pessoal baixar aki, me dah um toke...
abraço, e viva a pirataria!!

Anônimo disse...

Valeu pelo link. Realmente vc 'adot(r)ou' o texto mesmo, hein? depois mando pra vc dos possíveis libertados. Aliás, postarei lá no artorpedo. depois da uma passadinha lá pra ler. Um abraço. Fiquei com vontade de assistir ao Persépolis.