Como você pode ver, a embalagem é linda, capa dura com estojinho pra guardar os dois volumes, realmente um pitéu! Eheheheh. Pena que não houve esse mesmo cuidado com a parte interna da obra.
Explico. No volume sobre roteiros (outra hora leio o sobre desenhos e comento aqui) há falhas de diagramação, erros bobos nos textos e um descuido geral na apresentação interna da obra. Isso não passa despercebido para leitor nenhum (veja aqui uma resenha do Omelete em que achei a mesma observação sobre essas falhas gráficas e textuais). O conteúdo é excelente, realmente se tem uma boa noção (embora muitas vezes básica) de narrativa com texto e imagens ao ler o guia. Mas a impressão que se tem é que Dennis O'Neil (roteirista do Batman) escreveu o guia de roteiros numa sentada só em frente ao computador, ou em algumas mais, mas sem afinco. Como se não fosse tão importante assim o que ele estava fazendo. Como se fosse um guia de desenhos e roteiros bem mais humilde, para ser distribuído em papel jornal, ou num fanzine estudantil xerocado. Ou, pior, como se qualquer coisa que ele escrevesse, não importa a dedicação que ele desse ao texto, já seria genial.
Outra coisa: eu aprendi bastante com a leitura desse livro, justiça seja feita. Mas a todo momento tive que ficar relativizando: "ok, ok, mas esse é o jeito DC Comics de encarar as coisas". Porque trata quase que praticamente de histórias de super-heróis. (Novamente, a resenha do Omelete toca nisso. O Guia DC não serve para se fazer mangás.)
O grande mérito é a reprodução de páginas de roteiros e de quadrinhos finalizados. E O'Neil tem uma visão bastante embasada. Selecionei dois pontos importantes (dentre vários) que fundamentam a capacidade dele para falar sobre narrativa:
"Quadrinhos são uma entidade semiótica. Semiótica, de acordo com o melhor manual sobre o assunto que conheço, é 'simplesmente a análise de signos ou o estudo do funcionamento do sistema de signos'. [...] Ou seja: quadrinhos são uma forma de narrativa que usa um sistema de signos e imagens combinadas com a linguagem convencional escrita."
"Contar histórias é provavelmente o primeiro ato civilizado do homem. Uma única história ou mesmo uma centena delas não têm importância, um fato importante pra se lembrar quando nosso ego nos tenta a acreditar que qualquer narrador é importante. Porque o próprio ato de contar histórias, por si próprio, é que é importante - isso está profundamente enraizado em nossa humanidade."
(Realmente muito boa essa última afirmação!)
Enfim, minha idéia final é de que por mais que esse seja de fato um ótimo guia sobre roteiros, ele não corresponde à impressão geral que a edição quase luxuosa da obra causa. Talvez a Opera Graphica tenha pegado pesado. Ehehehe.
Prefiro ficar com os livros do Will Eisner e do Scott McCloud que, embora graficamente humildes, têm bem mais conteúdo...
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