quinta-feira, abril 17, 2008

Sofrer pela arte

Esses dias, num grupo online que participo, surgiu um e-mail engraçadíssimo, contando as peripécias perpretadas por esse povo que trabalha com desenho, peripécias essas perpretadas justamente durante o ato de trabalhar com desenho. O e-mail deu início a uma série de outras mensagens, agrupadas pelo assunto "O 'sofrer' pela arte" (você logo entende por quê).

Republico aqui o primeiro e-mail, graças à autorização e à cortesia do autor, o ilustrador André Rocha. Lá vai:

"Olá pessoal!
Seguinte, hoje me ocorreu um acidente de trabalho cômico, típico de 'Chapolin', logo me senti a vontade de compartilhar este e mais outro que me ocorreu, da mesma forma cômico mas também dolorido, e assim abrir aqui um confessionário para aqueles que da mesma forma um dia fizeram uma pequena 'kgadinha', com o perdão da palavra, em meio ao seu ofício.
Bom, como é de costume, enquanto desenho sempre me delicio com algumas, muitas, doses de café servidas naqueles copos de pinga de bar e fico 'mastigando' um palito de dente, pois é, uma pratica meio grotesca, mas vá lá, é um vício. Em meio a este processo, desenhar, dar uma bicada no café e mascar o palito, estava eu também finalizando uma arte em nankin com pincel, e subitamente a campainha toca, eu, já sem memória suficiente em meu cérebro para processar tantos dados juntos, dei uma bela de uma abocanhada no pincel, e veja, o mesmo estava encharcado de nankin...logo...tive o prazer de provar, literalmente, da arte. E mais engraçado: A cena de minha pessoa esfregando a língua com sabão na beira da pia, como se esfregando um pedaço de pano velho e sujo...Pois é, situação não muito agradável, mas ainda mais desagradável foi quando eu estava desenhando com um lápis HB, este muito bem apontado, quando sem querer deixei cair a borracha da mesa. Ora, esta seria uma situação totalmente corriqueira, caso eu não tivesse feito a façanha de literalmente cravar o lápis na palma de minha mão. Como? Bom, não sei ao certo, mas no momento que levei minha mão em busca da borracha em queda, consegui girar o lápis em um ângulo onde sua ponta ficou virada para palma de minha mão e então pressionei contra minha coxa, falando assim soa meio sadomazoquista, mas acreditem, isso ocorreu em segundos, até o segundo que senti uma dor proveniente de minha alma...Com isso ganhei mais uma pinta em minha mão, da cor cinza grafite.

Ossos do ofício!

Abraços.

André Rocha"

2 comentários:

Anônimo disse...

heheheh excelente história! E bem escrita! Acho q esse tipo de cousa acontece com quase td mundo, já perdi as contas de quantas vezes molhei o pincel com tinta/ aquarela/ nankin no copo de refrigerante, já virei café/ refri/ água/ suco/ vinho (ae tava pedindo, heheh)/ qualker líkido em cima de desenhos. Quando não parte de mim, parte de um agente externo, tenho 2 gatos que adoram brincar de pegar a caneta qd estou arte-finalizando. Parafraseando o autor da história, são "ossos do ofício"!

bjs t+

Anônimo disse...

Viva. Gostava de fazer um reparo, se me permitem: escreveram "contando as peripécias perpretadas por esse povo que trabalha com desenho, peripécias essas perpretadas justamente durante o ato de trabalhar com desenho." "Perpretado" não existe! É PERPETRADO.