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UM ANO d.C. (Lê-se um ano depois do Cabruuum)
Por Leandro Lopes
“Eu coloquei você como luz para os outros povos, a fim de que você leve a salvação ao mundo inteiro”
Do Itaú nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a Jacó nasceram Judá e seus irmãos; a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés nasceu Nasom; a Nasom, depois das ruínas pós-guerras Guaraníticas, nasceu Josias; a Josias nasceram Jeconias e seus irmãos, no tempo da deportação para o bipartidarismo; a Jeconias, logo depois dos varais de roupas brancas aos farrapos de uma revolução contra os imperiais, nasceu Pessolano; a Pessolano nasceu Augustóteles; a Augustóteles, momentos depois do encontro calorosamente garoante, nasceu o Cabruuum, neto dos Pains e Machados, afilhado dos Do Vale e das Borgheses; sobrinho dos Tavares, Guimarães, Leite, Canashiro, Thomaz e Buzzo, de São Paulo; dos Serezuella e Franzini do Paraná; dos Almeidas goianos e dos Ribeiros mineiros; dos Ribeiros e Lopes das terras sergipanas; dos Falcões de Pernambuco e dos Cunhas maranhenses.
A história ali se dividia. As onomatopéias não seriam mais as mesmas. No calendário ultrapassado faltava pouco para a caneta penetrante rabiscar os algarismos entendidos socialmente no ocidente como vinte e um, do mês quente intitulado novembro de um ano já desconhecido e inutilizado pelos livros de história: 2005. Aquele que ameaça as vidas longas estava chegando e deixava o céu avermelhado. No presépio tecnológico, o ainda tímido Augustóteles descobria o juvenil ardor e sentia o cheiro excitante do velho papel em contraste com o frio virtual do teclado. O aroma das páginas amareladas lhe penetrava as narinas e lhe trazia boas lembranças do colecionador de quadrinhos de outrora. Era um ungüento inspirador. Ele precisa mesmo de um entusiasmo criador para vencer os medos da primeira vez.
Lá estava ele. Confortavelmente sentado e com seus claros cabelos inertes já que os ventos soprantes tomaram o rumo do oriente que amanhecia, quando ali, o avermelhado céu ganhava as trevas. A cada instante as pilhas de HQs ganhavam cores. A cada toque suave, uma letra gestante surgia e um pisca-pisca vertical anunciava o desejo incontrolável do ato. No abrolho, a idéia estava pronta, aquele primeiro pergaminho falava exatamente da dificuldade de nomear o que estava sendo moldado. Concebeu-se. Nascia assim Cabruuum da nossa Santa Maria do sul-rio-grandense.
Eis então que vieram de outros rios uns magos que perguntavam: onde está aquele que é nascido de Augustóteles e dará como grande transmissor de conhecimento dos quadrinhos? Pois de outros cantos vimos a sua estrela e viemos adorá-lo. O rei de Israel, lá do vale neto, ouvindo isso, perturbou-se em felicidade desconcertante, e como ele todos os rumorosos. Reuniram-se assim virtualmente para doar-lhe o maior de todos os tesouros: os parabéns. Os magos sabiam da capacidade daquele prodígio espaço glocal, calculando-a pelo sangue de sua geração. De sorte que de todos os nascidos, desde Itaú até Cabruuum, são dez o número das gerações.
Desde 2005, quando o mundo reiniciou a contagem dos anos, foram mais de uma centena de saborosos descendentes posts encorpados em palavras, ilustrações e fotos. É assim que vejo o filho premiado da geração rumorosa brasileira no seu aniversário: um blog (redondinho que fala de quadrinhos) concebido por um gênio das palavras simples: Augusto Paim. Numa época geradora de mais três genuínos filhos que também apagam suas velas hoje: artorpedo, calíope e mascando clichê, o mundo precisa reescrever seus calendários. Agora, de tão importante e merecedor, veremos o mundo com um ano d.C. – ou seja, recomecem os números, trata-se de um ano Depois do Cabruuum.
Do Itaú nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a Jacó nasceram Judá e seus irmãos; a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés nasceu Nasom; a Nasom, depois das ruínas pós-guerras Guaraníticas, nasceu Josias; a Josias nasceram Jeconias e seus irmãos, no tempo da deportação para o bipartidarismo; a Jeconias, logo depois dos varais de roupas brancas aos farrapos de uma revolução contra os imperiais, nasceu Pessolano; a Pessolano nasceu Augustóteles; a Augustóteles, momentos depois do encontro calorosamente garoante, nasceu o Cabruuum, neto dos Pains e Machados, afilhado dos Do Vale e das Borgheses; sobrinho dos Tavares, Guimarães, Leite, Canashiro, Thomaz e Buzzo, de São Paulo; dos Serezuella e Franzini do Paraná; dos Almeidas goianos e dos Ribeiros mineiros; dos Ribeiros e Lopes das terras sergipanas; dos Falcões de Pernambuco e dos Cunhas maranhenses.
A história ali se dividia. As onomatopéias não seriam mais as mesmas. No calendário ultrapassado faltava pouco para a caneta penetrante rabiscar os algarismos entendidos socialmente no ocidente como vinte e um, do mês quente intitulado novembro de um ano já desconhecido e inutilizado pelos livros de história: 2005. Aquele que ameaça as vidas longas estava chegando e deixava o céu avermelhado. No presépio tecnológico, o ainda tímido Augustóteles descobria o juvenil ardor e sentia o cheiro excitante do velho papel em contraste com o frio virtual do teclado. O aroma das páginas amareladas lhe penetrava as narinas e lhe trazia boas lembranças do colecionador de quadrinhos de outrora. Era um ungüento inspirador. Ele precisa mesmo de um entusiasmo criador para vencer os medos da primeira vez.
Lá estava ele. Confortavelmente sentado e com seus claros cabelos inertes já que os ventos soprantes tomaram o rumo do oriente que amanhecia, quando ali, o avermelhado céu ganhava as trevas. A cada instante as pilhas de HQs ganhavam cores. A cada toque suave, uma letra gestante surgia e um pisca-pisca vertical anunciava o desejo incontrolável do ato. No abrolho, a idéia estava pronta, aquele primeiro pergaminho falava exatamente da dificuldade de nomear o que estava sendo moldado. Concebeu-se. Nascia assim Cabruuum da nossa Santa Maria do sul-rio-grandense.
Eis então que vieram de outros rios uns magos que perguntavam: onde está aquele que é nascido de Augustóteles e dará como grande transmissor de conhecimento dos quadrinhos? Pois de outros cantos vimos a sua estrela e viemos adorá-lo. O rei de Israel, lá do vale neto, ouvindo isso, perturbou-se em felicidade desconcertante, e como ele todos os rumorosos. Reuniram-se assim virtualmente para doar-lhe o maior de todos os tesouros: os parabéns. Os magos sabiam da capacidade daquele prodígio espaço glocal, calculando-a pelo sangue de sua geração. De sorte que de todos os nascidos, desde Itaú até Cabruuum, são dez o número das gerações.
Desde 2005, quando o mundo reiniciou a contagem dos anos, foram mais de uma centena de saborosos descendentes posts encorpados em palavras, ilustrações e fotos. É assim que vejo o filho premiado da geração rumorosa brasileira no seu aniversário: um blog (redondinho que fala de quadrinhos) concebido por um gênio das palavras simples: Augusto Paim. Numa época geradora de mais três genuínos filhos que também apagam suas velas hoje: artorpedo, calíope e mascando clichê, o mundo precisa reescrever seus calendários. Agora, de tão importante e merecedor, veremos o mundo com um ano d.C. – ou seja, recomecem os números, trata-se de um ano Depois do Cabruuum.